O Ministério da Saúde espera receber 1,5 milhão de doses da vacina contra a dengue, elaborada pelo Instituto Butantan, em 2025. O anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, nesta quarta-feira (18) durante lançamento do plano do governo federal de ação contra arboviroses. Ela destacou que o imunizante será apresentado nas próximas semanas para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que precisa aprovar a vacina.
“O Butantan deve encaminhar sua vacina à Anvisa nas próximas semanas. Temos a estimativa de 1,5 milhão de doses do Butantan, para o ano que vem. Serão doses únicas, mas teremos essa confirmação após o envio para a Anvisa”, disse Nísia. De acordo com a ministra, outras nove milhões de doses da Takeda estão previstas para o próximo ano.
De janeiro a agosto deste ano, o Brasil notificou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue. No entanto, Nísia reforça que a vacina não é a principal estratégia de contenção da doença. Segundo ela, a pasta vai atuar em seis principais eixos: prevenção; vigilância; controle vetorial; organização da rede de assistência; preparação de respostas de emergências; e comunicação e participação comunitária.
Nísia frisou que em um país como o Brasil, de mais de 200 milhões de habitantes e extenso território, é necessário adotar mais de uma estratégia para combater o mosquito, de acordo com a realidade de cada região. O ministério também pretende lançar uma campanha regionalizada, de acordo com as demandas da população de cada região, de combate e orientação contra a dengue.
De janeiro a agosto deste ano, o Brasil registrou 6.500.835 casos prováveis de dengue. Os números mostram que 55% dos casos de dengue foram identificados entre mulheres e 45% entre homens. As faixas etárias que mais contabilizaram infecções pela doença são de 20 a 29 anos; de 30 a 39 anos; e de 40 a 49 anos. Já os grupos menos atingidos são crianças com menos de 1 ano; idosos com 80 anos ou mais; e crianças de 1 a 4 anos.
A ministra da Saúde reforçou que a pasta está em diálogo constante com o Butantan desde janeiro. “A previsão é que a vacina seja encaminhada (para a Anvisa) até o máximo de meados de outubro. Acredito que até antes. E as doses serão entregues pela capacidade de produção do laboratório. Por isso, é importante a gente reforçar a importância do investimento em laboratório público”, disse.
Nísia explicou que já há uma política industrial de ampliação da escala de produção do Brasil no novo PAC. “O Brasil tem um projeto de complexo de biotecnologia que permitirá multiplicar por cinco a nossa capacidade de produção de vacina”, citou. Em relação a possibilidade de ampliar a faixa-etária, a ministra disse que isso precisa ser avaliado pela equipe técnica.
“Vamos fazer essa revisão da vacinação, mas a minha posição, e ainda precisamos ouvir nossos técnicos do comitê, é que é mais importante estender a vacina para novos municípios que ampliar a faixa etária. Se tivéssemos a possibilidade de recomendar a vacina para a população idosa, isso seria diferente, mas hoje trabalhamos com a faixa recomendada pelo OMS”, avaliou.
Plano de Ação O plano de ação possui seis eixos, com foco para implementação no segundo semestre do ano - quando todas as condições climáticas são favoráveis ao aumento de casos. São eles: prevenção, vigilância, controle vetorial, organização da rede assistencial e manejo clínico, preparação e resposta às emergências e comunicação e participação comunitária.
Durante o período intersazonal, ou seja, no intervalo entre os picos de casos, serão intensificadas as ações preventivas, com retirada de criadouros do ambiente e a implementação das novas tecnologias de controle vetorial. Também será feita uma força-tarefa de sensibilização da rede de vigilância para a investigação oportuna de casos, coleta de amostras para diagnóstico laboratorial e identificação de sorotipos circulantes.
“Para o período sazonal, caso ocorra nova alta sensível de casos, estão previstas medidas estabelecidas no plano de contingência, focadas sobretudo no fortalecimento da rede assistencial para redução das hospitalizações e óbitos evitáveis. São prioritárias as ações relacionadas ao manejo clínico adequado, seguro e executado em tempo oportuno, além da organização dos serviços. Nesse período, as ações de vigilância devem priorizar a coletiva de amostras para exames específicos com foco em casos graves e investigação oportuna de óbitos”, diz a Saúde.
A pasta da Saúde vai expandir o uso de estações disseminadoras de larvicida para controle do aedes aegypti, transmissor da dengue, nas periferias brasileiras. A estratégia foi desenvolvida por pesquisadores da Fiocruz Amazônia, testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades de diferentes regiões, nas quais foi aplicada entre 2017 e 2020.
“A armadilha atrai as fêmeas do mosquito que, ao pousarem no recipiente para colocar seus ovos, são impregnadas com o larvicida. Quando visitam os criadouros, os contaminam com o inseticida. O resultado final é a redução no desenvolvimento de larvas. A lista preliminar tem 17 municípios de todas as regiões do país”, explica o ministério em nota.