A Secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, entregou ontem, 11, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas nas categorias Pesquisadora Sênior e Jovem Pesquisadora.
O Vice-governador e Secretário de Governo, Rodrigo Garcia, enviou um vídeo parabenizando as pesquisadoras por seu desempenho na área científica. Esta é a primeira edição do prêmio, instituído pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, que recebeu a indicação de 174 profissionais e mais de 14 mil votos. As vencedoras de cada categoria foram Maria Helena de Moura Neves e Mayara Condé Rocha Murça, que receberam uma placa da premiação e uma escultura. “Essa proximidade com a ciência me fez lembrar da necessidade de manter a boa luta e abandonar a má briga. Educação e ciência andam juntas e quem promove briga acha que andam separadas.
As mulheres que estão aqui tiveram que lutar muito, enfrentaram barreiras e foram além. Fiz questão que esse prêmio acontecesse para que ele virasse regra e não exceção. Agradeço Ester Sabino, que tem liderado essa caminhada do papel da mulher não só como cientista, mas também liderança”, afirmou Patrícia Ellen. Para a imunologista Ester Sabino, a homenagem vem numa hora importante. “Num momento em que a ciência tem sido tão atacada, me sinto muito honrada com essa premiação que leva meu nome. Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Por que será que há tanta dificuldade para chegarmos em posições mais altas nesta área? Quando eu tinha 8 anos, eles premiavam os melhores alunos. Eu ganhei. No ano seguinte também. No quarto ano, comecei a errar para não ganhar. Achava que não era o meu lugar. Quando a gente percebe essa força invisível, tentamos mudar”, frisou Ester Sabino.
VENCEDORAS - Maria Helena de Moura Neves é Professora Emérita na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e licenciada em Letras. Atua na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na UNESP (Araraquara), coordena o Grupo de Pesquisa Gramática de usos do português do CNPq e é autora de vários livros na área, entre eles “A gramática do português revelada em textos”. “Por que alguém que faz gramática é chamada de cientista se essa matéria sempre foi vista como algo que amarra, que prende, que dogmatiza e está alheio e até contrário à ciência?
A linguagem é um sistema de regras e isso é científico. A primeira mensagem que desejo passar é que é possível ver ciência nas humanidades e línguas e, a segunda, que sempre temos de guardar a mensagem daqueles que nos conduziram até onde chegamos, no meu caso, o orientador do mestrado, que me direcionou para o caminho certo”, enfatiza a professora. A capitão Engenheira PhD da Força Aérea Brasileira, Mayara Condé Rocha Murça, vencedora do prêmio Jovem Pesquisadora, desenvolveu projeto voltado ao gerenciamento do tráfego aéreo. Ela é graduada em Engenharia Civil-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA (2011), com mestrado em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica e doutorado em Aeronáutica e Astronáutica pelo Massachusetts Institute of Technology (2018), também é chefe da Divisão de Engenharia Civil do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenadora do Laboratório de Gerenciamento de Tráfego Aéreo.
“É uma emoção muito grande participar desse evento hoje. Ações como essa trazem grande contribuição por valorizar a pesquisa no país, ainda mais para as mulheres. Agradeço também à Força Aérea e a essa rede de incentivo à educação no país”, disse Mayara Condé “ Vanderlan Bolzani, Professora Titular do Instituto de Química da Unesp, Araraquara e Presidente da ACIESP, ressaltou que “a igualdade de gênero é essencial para o conhecimento. Sou uma paraibana, uma pau de arara que chegou nesse estado com 24 anos e com a bolsa da Fapesp debaixo do braço comecei a fazer minha carreira na USP. Nesse mundo polarizado e negacionista é uma honra estar nesse prêmio, com mulheres protagonistas da ciência e reconhecidas internacionalmente.”
De acordo com a Unesco, apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres. No Brasil, elas representam 54% dos doutorandos e publicam 70% dos artigos científicos do país, embora recebam apenas 24% das bolsas de produtividade. No Estado de São Paulo, de um total de mais de 40 mil pesquisadores institucionais, as mulheres representam 29,8%. O prêmio, combinado com outras ações do Governo, tem por objetivo inserir as mulheres nas posições de liderança da área da pesquisa.