O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar até o final deste mês a conclusão do Projeto Genoma Café, que dará ao Brasil a liderança mundial no setor de pesquisa genética do setor e permitirá o desenvolvimento de variedades resistentes a pragas e doenças, tolerantes a variações climáticas, controle de maturação, melhoria de aroma e sabor, além de teores de cafeína e outros componentes, de modo a melhorar a qualidade da bebida e agregar valor ao produto.
O projeto foi desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Unicamp, Universidade de São Paulo (USP), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e vários outros centros, com apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A variedade arábica, que responde por 70% da produção nacional, concentra a atenção dos pesquisadores, embora também outras variedades também estejam sendo estudadas por apresentar resistência a algumas pragas e doenças e deter características de interesse agronômico para melhoramento e valorização dos cafés brasileiros.
A conclusão desta primeira fase do projeto também é importante na corrida mundial pelo patenteamento de genes, uma vez que o Brasil poderia ficar dependente de patentes requeridas no Exterior, o que o obrigaria a pagar royalties para produzir determinados cafés que se tornariam propriedade intelectual de outros centros de pesquisa genética.
Fapesp e Embrapa vão dividir a propriedade das patentes que forem geradas pelo Projeto Genoma Café. Até recentemente, a França, que não produz um grão de café, estava mais adiantada que o Brasil no seu estudo genético. Situação tão paradoxal quanto a da Alemanha, maior exportador de café do mundo, produto mais negociável no planeta depois do petróleo, também sem produção própria.
As seqüências de gens ("bibliotecas genéticas") do projeto estão em um banco de dados gerido pelo Laboratório de Bioinformática da Unicamp e já estão sendo utilizados para pesquisas avançadas dos gens responsáveis pelo metabolismo do açúcar no grão do café e nos que controlam o florescimento do cafeeiro.
O projeto se limita ao estudo de cerca de 200 mil genes, dos dezenas de milhões existentes no café, em que se concentram as características de importância para os objetivos de melhoria da qualidade da bebida, redução de custo e de tempo de produção, aumento de valor, menor uso de agrotóxicos em benefício do meio ambiente e desenvolvimento de variedades voltadas ao pequeno produtor, visando a inclusão social.
A idéia do projeto nasceu no IAC, cujo Programa de Melhoramento do Cafeeiro é responsável pela geração de cerca de 95% dos 5,5 bilhões de cafeeiros cultivados no Brasil e que também forneceu os tecidos de cafeeiros pesquisados.
O Brasil tem se desenvolvido no setor de pesquisa genética, com ênfase para culturas como a cana-de-açúcar e a laranja, além de pragas que afetam a essas culturas. Também participou do projeto internacional de seqüenciamento do genoma humano.
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Jornal de Jundiaí online