LOS ANGELES. EUA — Experimentos que tentam modificar e reforçar uma velha vacina podem ser eficazes contra a crescente ameaça das novas formas de tuberculose resistentes aos medicamentos. Como quem envenena o motor de um carro antigo, uma equipe de pesquisadores americanos de Cambridge e de Boston está substituindo genes na tradicional vacina BCG.
Testes em camundongos mostraram que a nova versão da vacina aumenta as defesas do organismo. "A BCG simples já é um poderoso estimulante imunológico. Ficamos surpresos por ver quanta força a mais poderíamos acrescentar com a vacina recombinada (geneticamente alterada)", conta o biólogo Richard Young, do Instituto de Pesquisa Biológica Whitehead, em Cambridge, Massachussets, que chefia a pesquisa. Cientistas do Hospital Infantil Beth Israel, de Boston, também participam do estudo.
Quando as doses da nova vacina foram administradas por via intraperitoneal (no abdômen), a resposta dos linfócitos (células de defesa) foi maior do que as obtidas com a BCG comum.
Propagação — Os pesquisadores estão modificando a vacina já existente por várias razões. Primeiro, uma super BCG poderia ser a arma que tanto se procura para combater a propagação da tuberculose. A necessidade de bloquear a doença tornou-se uma urgência, com o crescimentos do número de casos provocados por bactérias resistentes a antibióticos.
Em segundo lugar, é possível alterar a bactéria da BCG de tantas maneiras que ela pode acabar oferecendo proteção efetiva contra outras doenças, quem sabe até contra a Aids. Além disso, como há indícios de que a BCG também combate tumores da bexiga, acredita-se que seus efeitos anticancerigenos podem ser acrescidos por engenharia genética.
Atualmente, a BCG — abreviação de Bacilo Calmette-Guerin — é a vacina mais usada no mundo, normalmente para proteger da tuberculose. Infelizmente, porém, apesar de segura, a BCG já não é totalmente eficaz. A partir desta constatação, surgiram as pesquisas de Young para alterá-la.
Os genes que eles estão soldando à vacina são os que controlam a produção de citoquinas, substâncias sinalizadoras que o sistema imunológico usa para estimular atividade das células brancas do sangue. O sucesso obtido até agora é "'uma verdadeira proeza", atestou o especialista em doenças infecciosas Barry Bloom, do Hospital Albert Einstein, em Nova Iorque.
"Muitas proteínas humanas não se adaptam à fabricação por bactérias. Mesmo quando são produzidas através deste processo, acabam não sendo secretadas onde poderiam ser úteis. O estudo superou estes problemas técnicos", diz Bloom.
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Jornal do Brasil