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Genética eleva lucro da Acesita (1 notícias)

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Por Sílvio Ribas - de Belo Horizonte
Siderúrgica comercializa mudas de eucalipto produzidas com o emprego da biotecnologia A empresa florestal Acesita Energética, da siderúrgica Acesita, está se preparando para atuar em segmentos de uso mais nobre e rentável do eucalipto. A idéia surgiu no ano passado, quando a siderúrgica resolveu dar nova direção a suas atividades florestais, desenvolvendo o uso múltiplo da madeira alternativo ao carvão, tais como postes, móveis, dormentes e cercados imunizados para a construção civil. O ponto de partida está sendo dado, com a conversão do alto-fomo 2 da Acesita de carvão vegetal para coque metalúrgico, esta semana. Até então, o principal produto da Acesita Energética era a produção de carvão vegetal, destinado a alimentar esse alto-forno. O primeiro negócio fechado após a reestruturação da empresa controlada foi o contrato assinado com a Eletro-Siderúrgica Brasileira S.A. - Sibra para vender 15 clones de árvores matrizes híbridas, dos quais serão obtidas dois milhões de mudas de eucalipto. Essa transferência de material genético e serviços foi orçada em US$ 400 mil. De acordo com o diretor da Acesita Energética, Rubens Horta, as mudas estão sendo plantadas e serão entregues em maio próximo. Os produtos serão obtidos no viveiro da Acesita Energética em Itamarandiba -MG. Neste processo, as matrizes são cortadas e de suas brotações são retiradas pequenas estacas, plantadas em tubetes onde, em condições controladas, iniciam o processo de enraizamento. O tempo de geração das mudas varia entre 120 e 150 dias a partir do qual estão prontas para serem plantadas no campo. Segundo Rubens Horta, tratam-se de árvores de alta produtividade, reproduzidas em clones idênticos, material aprimorado geneticamente ao longo de duas décadas, após uma série de estudos. A floresta resultante permite que se produza um volume de madeira até duas vezes maior que a média comum, após o mesmo período para o corte. Dependendo de fatores externos como solo e clima, a floresta da Acesita produz até 200 metros cúbicos de madeira, ou 300 estéreis, por hectare, a partir do primeiro corte aos sete anos, ante o desempenho normal em torno de 100 metros cúbicos. A Acesita Energética dispõe de uma área de 120 mil hectares de florestas nos vales do Jequitinhonha e Rio Doce, em Minas Gerais, e no norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Apenas em Minas, a Acesita Energética possui áreas de plantio com capacidade produtiva de 94 mil metros cúbicos por mês de carvão vegetal. Atualmente, somente as florestas do Vale do Jequitinha - de 80 mil hectares - serviriam para abastecer a siderúrgica de Timóteo, que consome mensalmente 52 mil metros cúbicos no alto-forno 1. O outro forno consumia 90 mil metros cúbicos, que deixaram de ser retirados do Vale do Rio Doce, onde a empresa cultiva 20 mil hectares. Assim, como a legislação ambiental do estado permite que se consuma até 30% do carvão de origem nativa, percentual que deverá ser reduzido gradualmente a zero até 1998, parte da floresta localizada no Vale do Rio Doce já vinha sendo reservados para a Preservar. Além disso, o aperfeiçoamento genético também continuará, o que reduz ainda mais os custos. Há 22 anos, a empresa responde pelo fornecimento da maior parte do carvão vegetal consumido pela Acesita, através do seu Departamento de Desenvolvimento Técnico. Seu banco clonal possui cerca de 200 unidades, desenvolvidas através de hibridação, com origem em sementes importadas, sobretudo da Austrália. A Acesita Energética está estudando com uma empresa japonesa a possibilidade de formar uma "joint-venture" para a produção de chips, como matérias-primas para celulose. Considerando que a indústria do carvão demanda um uso mais intensivo de mão-de-obra ao contrário das demais envolvendo o eucalipto, uma das conseqüências do seu abandono parcial é a redução de pessoal. Esta semana, a Acesita Energética demitiu 42 dos 180 funcionários de uma unidade de reflorestamento de Pedra Corrida, em Açucena-MG. Somente no Vale do Jequitinhonha a empresa possui 1,6 mil funcionários.