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O Progresso (Dourados, MS) online

Genética ajuda a mapear populações de grandes carnívoros (1 notícias)

Publicado em 11 de fevereiro de 2015

Métodos não invasivos de análise de DNA estão auxiliando pesquisadores vinculados ao Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota) a monitorar populações de grandes carnívoros existentes na Mata Atlântica, no Cerrado e nas áreas de transição entre esses dois biomas no Estado de São Paulo e adjacências.

O objetivo é usar os dados coletados para aperfeiçoar modelos de viabilidade populacional e contribuir para o desenvolvimento de planos de conservação, explicou Pedro Manoel Galetti Junior, professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenador da Rede Sisbiota – Predadores de Topo de Cadeia, apoiada pela Fapesp.

“Esses animais, particularmente os predadores de topo de cadeia, possuem hábitos muito elusivos. Dificilmente são vistos no campo e, por isso, têm sido estudados pelos ecólogos por meio de vestígios como pelos, pegadas e fezes. A genética vem como uma nova e poderosa ferramenta nesse esforço de identificação”, afirmou Galetti.

A análise do DNA mitocondrial de uma amostra de fezes, exemplificou o pesquisador, permite descobrir a espécie depositora, ajudando a calcular o tamanho de uma população e da área que ela ocupa.

“Por meio de um método parecido com os de testes de paternidade, que usa marcadores moleculares neutros como os do tipo microssatélites, é possível individualizar cada amostra”, disse Galetti.

“Como temos o dado geográfico, conseguimos determinar com auxílio de um GPS onde estava aquele indivíduo no momento em que defecou. Se uma nova amostra do mesmo indivíduo for coletada posteriormente em outro local, consigo ter noção de seu deslocamento”, explicou.

O método padronizado pelo grupo do Sisbiota permite ainda calcular a proporção entre machos e fêmeas de uma determinada população, estudar sua variabilidade genética e o fluxo de genes entre os diferentes fragmentos de mata nativa.

Entre os felinos, até o momento as análises têm se concentrado em populações de onça-parda (Puma concolor), jaguatirica ( Leopardus pardalis), gato-maracajá (Leopardus wiedii), jaguarundi (Puma ya-gouaroundi) e gato-do-mato (Leopardus tigrinus).

No grupo dos canídeos os destaques são o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o cachorro-vinagre (Speothos venaticus).

Agência Fapesp