ROMA — Uma equipe de pesquisadores italianos identificou e, reproduziu, por clonagem, um grupo de genes que podem comandar o desenvolvimento correto do cérebro humano. Dois deles, denominados de EMX1 e EMX2, cumprem a missão de controlar o crescimento do córtex que se encontra no hemisfério digito do cérebro. A alteração destes genes pode provocar o surgimento de uma forma rara de esquizofrenia congênita.
O trabalho, publicado na edição deste mês da revista americana Nature Genetics, foi realizado pela equipe do professor Edoardo Boncinelli, do Departamento de Pesquisa Biológica e Tecnológica do Instituto Científico e Hospital San Raffaele, de Milão.
Entre quase 30 mil genes identificados até agora pela equipe, somente os dois EMX podem ser considerados próprios do córtex cerebral. Mas a função de controlador da multiplicação das células nervosas que formam o córtex do adulto é especificamente do EMX2.
Doenças — Nos casos de reprodução defeituosa das células, o córtex se reduz. Quando a multiplicação é excessiva, provoca inevitáveis desequilíbrios na estrutura do cérebro. Estas alterações acabam produzindo doenças congênitas, algumas consideradas incuráveis, como a esquizofrenia.
A correlação entre o EMX2 irregular ou excessivamente proliferado e a esquizofrenia está demonstrada no artigo de Boncinelli. A relação também foi estabelecida em estudos realizados pela dupla Silvia Brunelli e Antonio Faiella, do San Raffaele de Milão, e por Valeria Capra, do Instituto Gaslini, de Gênova.
"A única maneira segura de demonstrar a função de um gene é suprimir sua ação e observar os efeitos desse bloqueio", explica Boncinelli. Isso pode ser obtido quando se encontra qualquer tipo de alteração espontânea do gene ou quando se tem condições produzir coisa semelhante, por exemplo com um rato de laboratório.
Uma das doenças relacionadas aos genes EMX é a esquizofrenia congênita. Segundo Boncinelli, ela tem origem em uma má formação muito rara. Nos últimos anos, foram registrados algumas centenas de casos da doença.
Buracos — A principal característica da esquizofrenia congênita é a formação de perigosos buracos no córtex cerebral das pessoas atingidas. Estes buracos podem ser microcóspicos, ou razoavelmente grandes, determinando graves lesões em uma área equivalente a metade ou dois terços da superfície do cérebro.
As lesões são capazes de criar quadros clínicos que podem ser representados pela presença de modestas crises de epilepsia, reduzida capacidade intelectual ou paralisias generalizadas.
Notícia
Jornal do Brasil