Estudo analisou casais em que apenas um dos cônjuges foi infectado, destacando o papel do gene IFIT3
Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), identificaram um gene que pode oferecer proteção contra a Covid-19. A descoberta foi baseada em um estudo com casais em que apenas os homens contraíram o SARS-CoV-2, enquanto suas esposas permaneceram resistentes à doença, mesmo em contato próximo.
O estudo analisou 86 casais e encontrou seis casos de sorodiscordância — termo usado para descrever quando apenas um parceiro foi infectado, enquanto o outro não apresentou sintomas, mesmo sem adotar medidas especiais de proteção.
Papel do gene IFIT3
As análises indicaram que as mulheres resistentes possuíam níveis elevados do gene IFIT3 , já associado à resposta antiviral contra doenças como dengue, hepatite B e adenovírus. Este gene codifica uma proteína capaz de se ligar ao RNA do vírus, impedindo sua replicação e bloqueando a invasão de novas células.
“Conseguimos demonstrar, pela primeira vez, o efeito protetor do gene em um cenário real. Essas mulheres, convivendo diretamente com cônjuges infectados, muito provavelmente foram expostas ao vírus, mas não contraíram a doença”, afirmou Mateus Vidigal, principal autor do estudo publicado na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology
Metodologia e descobertas
O acompanhamento dos casais começou em 2020, no início da pandemia, e incluiu análises genéticas e amostras de sangue coletadas logo após a primeira infecção dos homens, bem como em 2022, após uma segunda exposição ao vírus. Em comparação ao grupo controle, as mulheres resistentes apresentaram uma expressão significativamente maior do gene IFIT3.
Implicações terapêuticas
Os cientistas acreditam que o IFIT3 pode servir como um alvo promissor para o desenvolvimento de novos tratamentos antivirais. “Essa característica genética pode ajudar a criar terapias que reforcem a imunidade inata contra o SARS-CoV-2 e outros patógenos”, destacou Vidigal.
A descoberta aprofunda o entendimento sobre as variações genéticas que influenciam a resistência ao coronavírus, abrindo novas perspectivas para combater doenças virais e aprimorar estratégias de saúde pública.
Da Redação