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Gene de café resistente a seca está em teste em culturas comercias (1 notícias)

Publicado em 24 de setembro de 2012

Pesquisa realizada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, identificou um gene do café arábica que quando transferido para outra planta – Arabidopsis thaliana – tornou esta altamente tolerante à seca. O gene agora está sendo testado em outras plantas de interesse agronômico, como soja, milho, trigo, cana de açúcar, arroz e algodão. O Consórcio tem seu programa de pesquisa coordenado pela Embrapa Café, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa.

“A expectativa, como ocorreu com os resultados obtidos com uma planta modelo, é que o gene confira tolerância prolongada à estiagem também para essas outras culturas. A transgenia tem o potencial de transferir genes entre espécies diferentes e expressar corretamente as características conferidas pelo gene, neste caso, mantendo a produtividade mesmo na ausência de condições favoráveis, como a escassez de água”, diz o pesquisador Eduardo Romano, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

O otimismo com relação ao uso de genes modificados em todas as variedades testadas deverá ser comprovado com os resultados da pesquisa no campo, previsto para o próximo ano. “Se tudo ocorrer conforme esperado, em cinco anos a agricultura brasileira terá mais um aliado para superar problemas climáticos, como a temperatura elevada e o déficit hídrico, que ameaçam a produtividade no campo”, adianta o pesquisador.

A expressão do gene de resistência a seca está em observação em laboratório. Após o nascimento das primeiras plantas transgênicas, as sementes serão novamente testadas em laboratório para posteriormente, a partir de uma seleção das melhores amostras, serem testadas em campo.

Além da expectativa de aumento ou manutenção dos níveis de produção econômica e de desenvolvimento social, os pesquisadores envolvidos no estudo acreditam que com o cultivo de plantas resistentes à seca será possível reduzir os impactos ambientais provocados pela atividade, uma vez que abre perspectivas de menor consumo de água.

Detalhes da pesquisa em café - Pesquisadores compararam variedades de café tolerantes e suscetíveis a seca e identificaram um gene diferencial. Esse gene foi isolado e transferido por ferramentas de engenharia genética para plantas de outra espécie – Arabidopsis thaliana. As plantas de arabidopsis que receberam o gene de café foram submetidas a um regime de 40 dias sem água e permaneceram saudáveis enquanto plantas que não receberam o gene morreram após 15 dias. A patente do gene foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.

Origem do gene resistente a seca – É consequência do trabalho, realizado em parceria por instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo – Fapesp, de mapeamento de 200 mil sequências de DNA, dos quais mais de 30 mil genes foram identificados como responsáveis por diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Desse manancial genético, saiu o gene identificado e testado pelos pesquisadores, denominado CAHB12. A decifração do código genético do café, o genoma café, foi pioneirismo brasileiro e colocou o Brasil na vanguarda das pesquisas em café.

Esse banco de dados, o maior do mundo para o grão, está à disposição das dezenas de instituições que compõem o Consórcio Pesquisa Café, distribuídas em 14 estados brasileiros. As informações estão guardadas pela Rede de Genomas Agronômicos e Ambientais da Fapesp e pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

Benefícios do genoma café - O domínio do código genético tem tornado possível o desenvolvimento de variedades mais produtivas, tolerantes a variações climáticas (como seca e geada) e resistentes ao ataque de pragas e doenças, com reflexos diretos no custo de produção, na proteção ambiental e no incremento de 20 a 30% na produtividade das lavouras, em função do menor uso de defensivos agrícolas. Além disso, os dados gerados pela pesquisa aceleram a obtenção de cultivares de melhor qualidade, aroma, sabor e propriedades nutracêuticas do grão, agregando qualidade ao produto e mais satisfação e saúde para o consumidor.

Consórcio Pesquisa Café – Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos quais fazem parte 355 Planos de ação.

Fonte: Folha de Dourados com Assessoria