Conclusão de encontro técnico entre a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, a Embraer e a Boeing: o Brasil pode ser líder na produção mundial de biocombustíveis para aviação, como foi pioneiro no segmento de biocombustível para o setor automobilístico.
Fapesp, Embraer e Boeing preparam, há quase um ano, um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial no país.
O centro virá da articulação entre empresas do setor aeronáutico e de biotecnologia com instituições de pesquisa, governo, integrantes da cadeia de produção de biocombustíveis e representantes da sociedade civil.
Esta semana, foi realizada uma conferência sobre os biocombustíveis para aviação, na Embrapa, em Brasília. Foram analisadas a viabilidade técnica e financeira e o atual estágio das pesquisas realizadas no Brasil sobre biocombustíveis. A ideia é substituir o querosene em aviões comerciais por esses produtos.
Em seu site, a Fapesp informa que o setor de aviação é origem de 2% das emissões totais de gases de efeito estufa e deve reduzir à metade a emissão de gás carbônico em 2050 (sobre os níveis de 2005), e se tornar neutro carbono até 2020, conforme estabelece a Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata, na sigla em inglês).
Para isso, fabricantes de aviões tentam aumentar a eficiência operacional, usando motores mais modernos e de otimizações aerodinâmicas, que utilizam, por exemplo, estruturas e ligas metálicas mais leves nos jatos. Ao lado disso, um novo biocombustível é indispensável, para se atingir as metas fixadas.
O grande desafio científico e tecnológico, segundo o relato da Fapesp, é desenvolver um biocombustível a partir de qualquer biomassa que seja produzida em escala comercial e tenha um custo competitivo e que possa ser misturado ao querosene de aviação convencional na proporção de até 50%, sem a necessidade de realizar modificações nos motores e nas turbinas da atual frota de aeronaves que circula pelo mundo.
No exterior, já há biocombustíveis produzidos a partir de diferentes biomassas e com certificação para uso na aviação. Mas a produção ainda não tem escala comercial e os preços são até 100% mais altos que o do querosene de aviação.
Matérias-primas provenientes de oleaginosas, de fibras e resíduos, entre outras, se mostram as mais promissoras para a produção de bioquerosene. A Embrapa pesquisa a domesticação do pinhão-manso e começa a estudar o babaçu, cujo óleo é composto por ácidos com cadeias de carbono ideais para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação.
Na Fapesp, estuda-se como desenvolver metodologia que indique o ponto forte de cada uma dessas fontes e alternativas, além dos problemas que apresentam em termos de pesquisa para melhorar a produção bioativa. Para a Boeing, com a criação desse centro, o Brasil poderá inovar regionalmente e em escala global, assegurando essa conquista por gerações.