Notícia

Correio Popular (Campinas, SP)

Fungo ataca e mata o inseto em pouco tempo

Publicado em 14 maio 2004

O inseticida biológico utiliza o fungo Metarhizium anisopliae, um inimigo natural da cigarrinha. No laboratório, ele se desenvolve em arroz - e é essa mistura de arroz e fungo que é entregue aos produtores de cana para ser usado na lavoura. Mas ainda é uma formulação trabalhosa no campo, porque é preciso deixar a mistura em água para poder separar o fungo do arroz e pulverizá-lo na plantação. Os pesquisadores buscam agora uma formulação mais prática, como separar o fungo do arroz ainda no laboratório ou produzir uma formulação líquida. A cigarrinha se contamina por contato com o fungo, ao tocar os esporo dos parasitas. "Quando o esporo germina, produz enzimas que degradam o tegumento (casca) do inseto e ajudam o fungo a invadí-lo', explica Antonio Batista Filho. A partir daí, a morte é só questão de tempo. O bioinseticida, explica o pesquisador, se mostrou bastante eficaz contra as ninfas (as formas jovens das cigarrinhas), principalmente após aplicações sucessivas. "Boa parte da população dos insetos é eliminada nessa fase, considerada estratégica para o controle" , diz. O Instituto Biológico vem assessorando empresas e usinas interessadas na produção do fungo para combater a praga. (MTC/AAN) A PRAGA DERROTADA Como age a cigarrinha - as ninfas, formas jovens da praga, sugam as raízes da cana-de-açúcar, retirando nutrientes que seriam utilizados pelas plantas que, em conseqüência, apresentam-se desnutridas e desidratadas, com folhas amareladas e, posteriormente, secas. Os adultos também causam danos, pois injetam toxinas nas folhas, provocando seu amarelecimento e morte. Conseqüências - além da perda de produtividade agrícola, as cigarrinhas provocam uma redução significativa na qualidade da matéria prima, pois ocorre uma diminuição de açúcares e aumento da quantidade de fibra, devido ao secamento dos colmos. O que faz o inseticida biológico - o fungo Metarhizium anisopliae é um inimigo natural da cigarrinha. Quando pulverizado na lavoura, a praga se contamina ao tocar os esporos do fungo. Quando germinam, estes esporos produzem enzimas que degradam a casca do inseto e permitem ao fungo invadi-lo. A partir daí, a morte da cigarrinha é só questão de tempo. Conforme o fungo cresce, libera toxinas que modificam o comportamento de inseto e impedem que ele se mova ou se alimente normalmente. É como se o animal embolorasse por dentro. Depois da morte do hospedeiro, o fungo produz novos esporos e o ciclo recomeça.