Notícia

Tribuna Impressa

Fundecitrus busca auto-sustentabilidade

Publicado em 22 janeiro 2005

Investir na sua auto-sustentabilidade, otimizando recursos de novos parceiros e priorizando as pesquisas científicas voltadas ao diagnóstico e combate das doenças da laranja são algumas das metas para 2005 do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), associação mantida por citricultores e pelas indústrias processadoras de frutas cítricas.
Com um orçamento de aproximadamente R$ 45 milhões por ano, o Fundecitrus atua em quase 450 municípios paulistas e do Triângulo Mineiro, responsáveis por 87,7% da produção nacional de laranja e pela matéria prima de 98% do suco que o país exporta. Seus engenheiros e inspetores de campo realizam monitorando dos pomares, diagnósticos de casos suspeitos e repassam informações ao citricultor.
Além disso, o Fundecitrus auxilia a Secretaria Estadual da Agricultura na erradicação do cancro cítrico, realiza e financia pesquisas científicas para a descoberta de formas de controle ou manejo de doenças e pragas que afetam essa lavoura.
A folha de pagamento da Fundecitrus, composta por 166 profissionais, entre engenheiros agrônomos, técnicos, pesquisadores e pessoal administrativo, e mais 2.089 inspetores de campo, consome 80% do orçamento.
Do restante, mais de R$ 3 milhões são investidos em dezenas de projetos próprios de pesquisa e ainda em trabalhos realizados por órgãos governamentais, universidades e instituições privadas. Hoje, estão em desenvolvimento 80 trabalhos científicos próprios. Outros 62, financiados pela Fundecitrus, estão em andamento em centros de pesquisas parceiros, dentro e fora do Brasil.
Para cobrir todo o parque citrícola, a associação mantém, também com recursos próprios, 14 Centros de Apoio Fitossanitário e mais 33 bases, em Escritórios Regionais de Defesa Agropecuária (EDA's).
Entretanto, a otimização de recursos não tem acompanhado o aparecimento e a proliferação de doenças relacionadas à laranja.
A solução, segundo o diretor do Fundecitrus Osmar Bergamaschi, é buscar a auto-sustentabilidade.
"Temos como objetivo intensificar as pesquisas e aprofundar o nível de conhecimento, mas, também, gerar uma produção científica de tamanha qualidade que possa gerar recursos próprios, através de financiamento de órgãos nacionais e internacionais", salienta o diretor, que assumiu a diretoria executiva do Fundecitrus em dezembro, ocupando o cargo do professor Nelson Gimenes, agora consultor da associação. A mudança, aprovada pelo Conselho Deliberativo, faz parte do processo de profissionalização do Fundecitrus e é uma medida de adaptação às transformações e desafios que surgiram na citricultura, como em outros setores do agronegócio.
"Temos enfrentado muitos desafios, inclusive com as doenças que ameaçam os pomares de laranja, como o CVC, que o Fundecitrus pesquisa e combate há muitos anos, e, mais recentemente, o greening. Temos que otimizar mais recursos para não onerar mais o produtor e a indústria, que são nossos principais financiadores. A forma é nos tornarmos auto-sustentável. Essa é nossa prioridade", enfatizou Osmar Bergamaschi.

Pesquisa
Além de apontar soluções para os problemas sanitários da citricultura, o Fundecitrus tem contribuído para a formação de uma elite de cientistas, o que beneficia não só o setor citrícola, mas a ciência brasileira. O Departamento Científico conta com uma equipe de pesquisadores que trabalham em projetos desenvolvidos em seu Centro de Diagnósticos de Doenças e Pragas de Citros, localizado em Araraquara. Essa equipe supervisiona e tem o apoio de técnicos e bolsistas do CNPq, da FAPESP, e do próprio Fundecitrus, que atuam em projetos.
A função do Departamento Científico é ser uma interface entre os setores produtivo e de pesquisa, e um pólo de intercâmbio entre instituições e universidades para articular e realizar projetos científicos. Desde a fundação em 1994, tornou-se um centro de excelência para a pesquisa de doenças e pragas de citros.
O estudo mais recente do Fundecitrus, em andamento desde novembro, busca descobrir, com o auxílio de estufas simuladoras de temperatura, o efeito do clima nos sintomas e na recuperação das plantas com greening. O pesquisador Silvio Lopes, responsável pelo estudo, deve concluir a pesquisa em maio.