Estão abertas até 26 de junho as inscrições para a 2ª edição do prêmio Ciência para Todos, iniciativa em parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A nova rodada do projeto, que tem como objetivo incentivar atividades científicas em escolas públicas, foi lançada nesta sexta-feira (26) em evento no Instituto Butantan, em São Paulo.
Nesta nova etapa, o prêmio terá como foco as aplicações de pesquisas voltadas para avanços nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O espectro de possibilidades dentro do tema é amplo, indo desde a erradicação da pobreza e da fome até o acesso universal a educação e saúde, passando pela proteção ao ambiente.
Para consultar o edital e fazer a inscrição no Ciência Para Todos os interessados devem seguir as instruções no site criado para a iniciativa no Canal Futura: www.futura.org.br/cienciaparatodos/.
Os projetos de atividades que se qualificam para concorrer ao prêmio são aqueles que partem da identificação de um problema concreto na comunidade dos alunos e usam o método científico para buscar soluções. Professores e estudantes que quiserem se inscrever precisam formular hipóteses sobre a questão escolhida, pesquisar literatura sobre o tema e apresentar propostas de intervenção.
A ideia, afirmam os organizadores, é promover o engajamento de estudantes com a ciência e suas aplicações, porque em boa parcela da população a ciência é percebida como uma coisa distante.
Ciência pós-Covid
Para João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, a iniciativa ganha importância especial neste momento, com a Organização Mundial da Saúde tendo decretado o fim da emergência global pela pandemia da Covid-19.
— Durante o período da pandemia, muito se falou de ciência. Agora a pandemia arrefece e já não há tanto espaço para falar sobre ciência na imprensa, por exemplo, mas é preciso não deixar essa conversa esfriar, e é preciso enfrentá-la da maneira correta — diz Alegria. — A maneira correta é fazer com que cada vez mais o processo da ciência e a experiência de o que é produzir ciência com método científico desçam alguns degraus e comecem a fazer parte da vida das pessoas.
Da esq. para a dir., a química Kananda Eller, Maria Corrêa e Castro (coordenadora do Ciência Para Todos), o professor Henrique Pereira e o estudante Guilherme Teixeira — Foto: Júlio César Almeida
O evento desta sexta-feira no Butantan teve a presença do estudante Guilherme Teixeira e de seu professor Henrique Pereira, vencedores da primeira edição do Ciência Para Todos em 2019. Junto de outros alunos da turma de um colégio em Franca (SP), eles desenvolveram o projeto de um capacete de ciclismo usando material reciclado de refugos da indústria dos calçados, que tem presença forte no município.
Maria Corrêa e Castro, coordenadora do Projeto Ciência Para Todos, conta que na segunda edição o projeto foi ampliado.
— Além da premiação em si, vamos ter uma jornada de formação, com treinamento para o professor escrever o projeto dele dentro do modelo que a gente está usando no Ciência Para Todos, e também um curso para produzir o registro audiovisual, um filme que conte a história do projeto na escola, aberto também para os alunos — diz a representante do projeto.
Os professores premiados vão ganhar notebooks, além de uma visita a um centro de pesquisa patrocinado pela FAPESP, onde passarão o dia com pesquisadores que vão detalhar como fazem seu trabalho para os alunos.
Segundo o cientista Marco Antônio Zago, presidente da FAPESP, a participação da entidade na realização do prêmio se explica porque o incentivo à ciência na educação básica é importante também para fomentar a pesquisa no nível superior.
— Aquilo que se faz na educação é o que se transforma depois e se difunde na sociedade. Não é exagero dizer que hoje a melhoria da educação básica é, isoladamente, a mais importante prioridade do país — diz Zago.
O cientista e professor da USP destacou como desafios da área a desigualdade de acesso à escola de qualidade, a evasão elevada, o baixo desempenho estudantil e necessidade de promover a formação e valorização do professores, além da infraestrutura que em muitas escolas vezes é precária.