Por Redação TN/Agência FAPESP
Processos de deflorestação são conhecidos como obstáculos para a manutenção dos ecossistemas em florestas, mas suas consequências, distintas para espécies da flora e da fauna, podem ser ainda piores para determinados grupos de animais. É o que indica uma pesquisa do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro.
Segundo a pesquisa, liderada pelo professor Mauro Galetti, é este o caso das aves, cuja diversidade de espécies é ameaçada não apenas em circunstâncias de desmatamento de grandes áreas verdes para, por exemplo, a produção agroindustrial, mas também quando as matas são preservadas de forma não contínua e tecnicamente sem proximidade. Ou, ainda, quando não há conservação de áreas suficientemente densas para sua sobrevivência e reprodução.
Dados que relacionam a diminuição das matas à sobrevivência de diferentes espécies de aves – e a diminuição de aves como fator de declínio na taxa de dispersão de sementes – , parte de um projeto de pesquisa mais abrangente sobre a maneira como a fragmentação das florestas afeta essa biodiversidade, foram apresentados por Galetti no dia 12 de novembro durante a FAPESP Week na Carolina do Norte, em Raleigh, Estados Unidos.
O simpósio internacional – organizado pela FAPESP, pela University of North Carolina em Chapel Hill, pela University of North Carolina-Charlotte, pela North Carolina State University (NCSU) e pelo Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, de Washington – reuniu pesquisadores dos dois países com o objetivo de intensificar o intercâmbio e ampliar as pesquisas conjuntas realizadas nos Estados de São Paulo e da Carolina do Norte.
Os dados da pesquisa, que também foram publicados na revista Science, fazem parte do Projeto Temático “Efeitos de um gradiente de defaunação na herbivoria, predação e dispersão de sementes: uma perspectiva na Mata Atlântica”, apoiado pela FAPESP e concluído em março no Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro.
Galetti e sua equipe se concentraram na investigação do comportamento de determinadas espécies de aves e de sua capacidade de evolução em ambientes que sofrem intensa ação humana, como nos remanescentes da Mata Atlântica na região Sudeste do Brasil.
O professor da Unesp também destacou a redução de um tipo específico de palmeira, a Euterpe edulis, em decorrência direta da exploração humana, reunindo informações presentes no artigo publicado na Science. O trabalho contou com a participação de 15 pesquisadores de oito instituições de São Paulo, Paraná, Pará, Rio de Janeiro, Goiás e também do México e da Espanha.
A palmeira descrita na palestra de Galetti é uma espécie dominante na região da Mata Atlântica e seus frutos são consumidos por mais de 58 espécies de aves. Essa palmeira, porém, também fornece o palmito, o que a coloca em risco por causa da ação humana.