MANAUS – Fósseis de uma tartaruga ( Stupendemys geographicus ) gigante e pré-histórica, com ossos do fêmur, casco com partes da carapaça e fragmentos do antebraço foram encontrados no leito do Rio Acre, na região conhecida como Boca dos Patos, em Assis Brasil (a 345 quilômetros da capital Rio Branco). O animal é considerado o maior de água doce do mundo.
Pesquisadores da Ufac (Universidade Federal do Acre), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da USP (Universidade de São Paulo) encontraram os fósseis no mês de junho. Eles suspeitam que réptil seja do período Mioceno Superior, de 8 a 10 milhões de anos atrás.
“O que a gente encontrou não é nem metade do que seria o tamanho completo da tartaruga. Embora ela esteja fragmentada, é um achado sensacional porque nunca tivemos uma tartaruga dessa espécie preservada”, diz Annie Schmaltz Hsiou, do Departamento de Biologia da FFCLRP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto) da USP.
As escavações contaram com a participação de indígenas, quilombolas, barqueiros, lideranças locais da Reserva Extrativista Chico Mendes e pessoas de comunidades próximas. A pesquisa é apoiada pela Amazônia+10, ONG que financia estudos científicos na região.
“Por experiência de coletas passadas, a gente não esperava algo tão completo e tão grande como foi essa. Nessa região há muitos fósseis, mas geralmente estão fragmentados”, diz Carlos D'Apolito Júnior, professor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Ufac, e um dos coordenadores da expedição.
Em entrevista ao Jornal da USP, Annie contou que o material continua no território encontrado e mantido seguro pelos parceiros locais, até que o apoio da universidade no Acre consiga fazer a remoção. “É um lugar de difícil acesso, são sete horas de viagem até a cidade, e o trabalho de campo acontece em condições extremas”, diz Ammie.