Um dos achados mais fascinantes da paleontologia recente aconteceu no Brasil: cientistas identificaram o fóssil da formiga mais antiga de que se tem notícia. O registro tem 113 milhões de anos. E a descoberta ocorreu no município de Crato, no Ceará, região conhecida por seu rico acervo fossilífero.
A espécie, batizada de Vulcanidris cratensis , pertence ao extinto grupo das chamadas “formigas-do-inferno”. Elas são famosas por suas mandíbulas que lembram foices. Esse novo achado não apenas redefine a linha do tempo evolutiva das formigas, como também reforça a importância do Nordeste brasileiro para os estudos sobre a vida pré-histórica.
Características da Vulcanidris cratensis
De tamanho médio, medindo cerca de 1,35 cm , a Vulcanidris possuía:
Asas funcionais, sendo capaz de voar
Mandíbulas verticais altamente especializadas para prender ou espetar presas
Um ferrão desenvolvido, semelhante ao das vespas
Um corpo que muitos achariam ser de uma vespa
Essa descoberta ainda mostra que as formigas surgiram muito antes do que se pensava, já que o fóssil é cerca de 13 milhões de anos mais antigo do que os registros anteriores, encontrados na França e em Mianmar.
Contexto e importância do fóssil
O fóssil foi preservado em calcário e ficou guardado por décadas em uma coleção particular até ser doado ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. A análise foi conduzida pelo entomologista Anderson Lepeco, que destacou a importância da descoberta para o entendimento da evolução das formigas, que teriam surgido a partir de formas ancestrais de vespas.
O habitat da Vulcanidris era repleto de vida: além de outros insetos, havia crocodilos, tartarugas, pterossauros e dinossauros como o Ubirajara jubatus.
Principais informações da descoberta
A importância das formigas para o planeta
De acordo com estudos recentes, a população de formigas no planeta é de cerca de 20 quatrilhões — um número astronômico, considerando os 8 bilhões de seres humanos existentes.
Ao mesmo tempo, as formigas desempenham funções ecológicas fundamentais. Elas atuam como predadoras, herbívoras, protetoras de plantas e colaboram na saúde do solo. Além disso, elas ajudam na decomposição de matéria orgânica. Sem elas, os ecossistemas seriam drasticamente diferentes.
Assim, a descoberta da Vulcanidris cratensis reforça não apenas o valor científico dos fósseis brasileiros, mas também a necessidade de preservar e investir na pesquisa sobre a biodiversidade do nosso passado.