Espécie Vulcanidris cratensis viveu há 113 milhões de anos e pertence a grupo extinto conhecido como formigas-do-inferno.
Cientistas identificaram no Ceará o fóssil da formiga mais antiga já registrada, a espécie Vulcanidris cratensis, que viveu há cerca de 113 milhões de anos durante a era dos dinossauros. O achado foi feito a partir de um exemplar preservado em calcário da formação geológica do Crato.
A espécie integra uma linhagem extinta chamada formigas-do-inferno, caracterizada por mandíbulas em formato de foice usadas para capturar presas. Com cerca de 1,35 centímetro de comprimento, a Vulcanidris tinha asas e um ferrão desenvolvido, características que a faziam ser confundida com vespas.
O estudo foi liderado pelo entomologista Anderson Lepeco, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, e publicado na revista Current Biology. Segundo Lepeco, “provavelmente seria confundida com uma vespa por um olho não treinado”.
A anatomia da Vulcanidris é notavelmente bem preservada. As mandíbulas se moviam verticalmente, diferentemente das formigas modernas, cujos aparelhos bucais se articulam horizontalmente. O fóssil foi mantido por décadas em coleção particular antes de ser doado ao museu paulista.
A descoberta indica que as formigas podem ter surgido entre 168 milhões e 120 milhões de anos atrás, reforçando uma origem mais antiga do que a estimada anteriormente. As formigas descendem de uma forma de vespa e hoje colonizam quase todos os ambientes terrestres, com uma população estimada em 20 quatrilhões de indivíduos.
No habitat da Vulcanidris, coexistiam outros insetos, crustáceos, tartarugas, pterossauros e dinossauros como o Ubirajara. Predadores como sapos, pássaros e aranhas também faziam parte do ecossistema da época.