A deficiência auditiva em cães pode resultar em animais agitados, agressivos, com menor capacidade de interação social e difíceis de adestrar. Em vários países da Europa e América do Norte a realização de avaliação auditiva é essencial para comercialização de filhotes de determinadas raças. No Brasil, alguns criadores já adotaram o exame para identificar os animais com surdez congênita. Por valorizar o preço dos filhotes e aumentar a credibilidade do canil, a adoção da certificação da audição normal tende a ser implantada por mais estabelecimentos.
O Hospital Veterinário da Unesp, câmpus de Botucatu, é a primeira instituição veterinária do país a disponibilizar esse tipo de exame na sua rotina de atendimentos. Criadores, proprietários e clínicas particulares podem procurar o serviço realizado pelo Laboratório de Eletroneurodiagnóstico da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.
Denominado "avaliação do potencial auditivo evocado de tronco encefálico", o exame capta a atividade elétrica do sistema auditivo, gerada a partir de um estímulo sonoro.
O procedimento tem duração de aproximadamente 10 minutos e o proprietário pode acompanhar tudo. Apenas em casos de animais muito agitados, pode ser necessária uma leve sedação para facilitar a avaliação. O teste também pode colaborar com a avaliação neurológica de cães.
A surdez pode afetar qualquer animal e suas causas são as mais diversas, como explica o professor Alexandre Secorun Borges, do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ. "Doenças congênitas, otite crônica, processos traumáticos que lesionam o conduto auditivo, uso de medicamentos tóxicos para a via auditiva e degeneração relacionada à idade avançada podem prejudicar a audição. Nos dálmatas, por exemplo, a surdez congênita pode ocorrer em cerca de 20% dos animais. A perda de audição também tem sido observada em outras raças, como Boxer, Schnauzer, Poodle, Cocker spaniel, Pitt Bull, Bull terrier e Bulldog".
Para a realização dos exames é utilizado um equipamento de eletrodiagnóstico de última geração adquirido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), através de um projeto coordenado pelo professor Alexandre Secorun Borges, do Departamento de Clínica Veterinária, com participação da mestranda Mariana Isa Poci Palumbo. A metodologia foi padronizada em conjunto com o professor Luiz Antonio de Lima Resende, da Faculdade de Medicina da Unesp. Os interessados no agendamento de exames podem entrar em contato via e-mail com: maripalumbo@fmvz.unesp.br ou asborges@fmvz.unesp.br