De acordo com levantamento da revista Nature Ecology & Evolution, as florestas tropicais são mais resilientes às mudanças climáticas impostas pelo ser humano. O estudo ‘Suscetibilidade funcional das florestas tropicais às mudanças climáticas’ foi realizado por um grupo internacional de pesquisadores buscou compreender quais aspectos do funcionamento das florestas tropicais podem garantir maior ou menor resiliência às mudanças climáticas globais.
Como explicam os autores, em um ecossistema todos os organismos interagem entre si e com diversos fatores ambientais, como temperatura e disponibilidade de água, por exemplo. Essas interações são influenciadas tanto pela diversidade de espécies como pela diversidade de grupos de espécies com funções específicas dentro de um mesmo ecossistema, ou seja, pela diversidade funcional. Outro conceito importante para a compreensão da pesquisa é a redundância funcional – que ocorre quando em um mesmo ecossistema existem várias espécies que desempenham a mesma função. Nesse caso, se uma delas desaparecer, sua função ecológica não estará perdida.
No trabalho, os pesquisadores analisaram as relações entre a diversidade funcional e a redundância funcional das florestas tropicais com sua capacidade de adaptação a mudanças. A análise levou em consideração um conjunto de dados sobre 16 características morfológicas, químicas e fotossintéticas de 2.461 árvores individuais amostradas em 74 locais, distribuídos em quatro continentes. Também foram avaliados dados climáticos registrados nesses mesmos locais nos últimos 50 anos.
Para a região da Mata Atlântica e da Amazônia, foram usadas informações coletadas em três projetos vinculados ao Programa BIOTA-FAPESP (12/51872-5, 12/51509-8 e 03/12595-7).
As descobertas sugerem que áreas com alta diversidade funcional e alta redundância funcional tendem a manter melhor o funcionamento do ecossistema após eventos climáticos extremos, ou seja, são mais resilientes às mudanças climáticas. As florestas tropicais mais secas possuem menor diversidade funcional e menor redundância funcional em comparação com florestas mais úmidas, o que pode deixá-las em risco frente aos declínios de disponibilidade de água que têm sido identificados nas regiões tropicais.