Os recifes de coral, considerados como o equivalente nos oceanos das florestas tropicais úmidas, ocupam cerca de 2.400 dos 8 mil quilômetros da costa brasileira. E são eles os protagonistas do documentário "Vida nos Recifes", lançado pelo projeto Coral Vivo, iniciativa que tem o objetivo de gerar conhecimento sobre os ambientes recifais brasileiros.
Informações sobre o que são recifes, como são formados, importância dos corais e de outros fenômenos biológicos presentes nesses ambientes são encontrados no DVD, que teve apoio do Ministério do Meio Ambiente. A proposta é apresentar conhecimentos científicos sobre o ecossistema por meio de linguagem não técnica.
Recifes de coral são estruturas rochosas construídas por organismos marinhos, sejam animais ou vegetais portadores de esqueleto calcário, resistentes à ação mecânica das ondas e correntes marítimas. Essas estruturas se distribuem na região equatorial do globo terrestre, em geral em águas rasas, quentes e claras.
"O documentário é destinado tanto a especialistas, que se beneficiam com a riqueza de imagens inéditas captadas durante pesquisas recentes desenvolvidas no Brasil sobre temas como o sistema de desovados corais, quanto também ao público leigo, que tem acesso a conteúdos básicos sobre o assunto", explica Clovis Barreira e Castro, coordenador do projeto Coral Vivo, localizado em Arraial D'Ajuda (BA).
Além das imagens obtidas do mar, o vídeo tem uma série de animações gráficas para explicar conceitos geralmente pouco compreendidos, como detalhes sobre a formação dos recifes de coral.
Segundo Castro, professor do Departamento de Inverterbrados do Museu Nacional, entidade vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar de ter múltiplos usos como o incentivo à educação ambiental e à multiplicação dos conheci mentos sobre os recifes brasileiros, um dos principais objetivos do documentário é promover a capacitação de professores e agentes de turismo que lidam com a conservação e com o uso sustentável do ecossistema.
Segundo ele, a noção de que o litoral baiano tem as principais áreas recifais do Atlântico sul existe desde a década de 1960. "Todas as espécies de corais formadores de recifes do País conhecidas até o momento pelos cientistas brasileiros e estrangeiros são encontradas no sul da Bahia, sendo algumas espécies exclusivas da região. Os outros recifes do litoral brasileiro têm apenas parcelas dessas espécies. Não é à toa que o primeiro parque nacional marinho brasileiro, o dos Abrolhos, foi criado na região, em 1983". diz.
De acordo com o pesquisador, um dos motivos da grande quantidade de recifes na região é seu espalhamento em diferentes distâncias da costa, o que contribuiu para o aumento da diversidade de espécies. "No sul da Bahia, diferentemente da maior parte do litoral brasileiro, os recifes são encontrados próximos à costa e também a até 70 quilômetros mar adentro."
Uma segunda edição do documentário, que abordará as relações do homem com o meio ambiente, deverá ser lançada no segundo semestre de 2008. "A intenção é que essa edição tenha relatos de pescadores antigos e pesquisadores da área para sabermos quais foram as principais transformações dos recifes ao longo do tempo", antecipa Castro.
O documentário "Vida nos Recifes" está sendo distribuído gratuitamente durante as atividades de conscientização do projeto Coral Vivo e deverá ser colocado à venda para o público em geral até o fim do ano. Mais informações pelo site www.coralvivo.org.br ou pelo e-mail contato @ coralvivo.org.br (Agência Fapesp).