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Tribuna do Norte (Apucarana, PR) online

Fisioterapeuta cria videogame para tratar problema de postura do filho

Publicado em 28 fevereiro 2018

Por Simone Machado

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Cansado de ver o filho Enzo, 13, que tem problemas posturais, relutar para fazer tratamento, o fisioterapeuta Dalton Kina, de Catanduva, interior de São Paulo, resolveu usar seu conhecimento na área para buscar alternativas para tratar adolescentes.

Ele desenvolveu uma plataforma simuladora que funciona como videogame e auxilia nos tratamentos posturais, de equilíbrio e de percepção do próprio corpo. "Essa nova geração Y e Z é totalmente da era digital e eles não gostam de ficar parados fazendo um tratamento. O Enzo ia para as sessões e não rendia, não evoluía no tratamento, porque ele não gostava do que estava fazendo."

A plataforma é feita de uma estrutura metálica que se movimenta de acordo com os movimentos corporais. Ela também tem sensores que capturam os movimentos e um sistema de comunicação sem fio com o game que manda as informações.

Com a plataforma foram desenvolvidos três jogos.

Um é um labirinto, no qual o paciente tem que controlar uma bolinha em meio a curvas com movimentos do corpo. O outro é semelhante ao jogo Genius, muito conhecido na década de 1970, em que luzes se acendem e o paciente tem que pisar sobre elas, seguindo uma sequência.

Já o terceiro game simula um voo de asa delta. Deitado e usando óculos de realidade virtual, o paciente deve se equilibrar na plataforma e simular movimentos de voo, ajudando a dar mais equilíbrio e melhorando a postura. "Desde a primeira vez já senti algumas dores, resultados dos exercícios da fisioterapia. Se não fosse o jogo, talvez não aguentasse ficar fazendo. É muito mais legal e emocionante, você se sente dentro do cenário", diz Enzo.

As pesquisas começaram em 2012, mas foi em 2017 que o equipamento se tornou realidade ao reunir profissionais de outras áreas como mecatrônica, programação de games e automação e daí surgir a plataforma simuladora instável que funciona como controle do videogame.

O trabalho teve o incentivo da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), um dos principais órgãos de fomento à pesquisa científica do país.

A plataforma está disponível gratuitamente para um grupo de pacientes numa clínica de Catanduva. Além de crianças, é usada para tratar idosos e alunos da Apae (Associação de Pais e Alunos dos Excepcionais) local.

Para o designer de games João Lucas Gomes Coppi, os games vão além do entretenimento, pois liberam substâncias no jogador que levam a sensações de gratidão, de otimismo e conquista. "Quando essas substâncias são unidas com a fisioterapia, os pacientes tendem a se animar com o tratamento e assim ir até o final."

Por FolhaPress, TNOnline