O físico Oscar Sala, apontado como um dos maiores nomes da Física no País, morreu sábado (2), aos 87 anos, em São Paulo , de parada cardíaca. Professor emérito do Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP) foi presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) de 1968 a 1971, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) de 1973 a 1979, da Associação Interciência das Américas, de 1975 a 1979, e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, de 1985 a 1987.
Sala também foi diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de 1969 a 1975 e presidente da entidade de 1985 a 1995.
Como diretor científico, foi fundamental na consolidação da instituição e na implantação de programas importantes como o Bioq-Fapesp, em 1970, o primeiro dos grandes projetos voltados ao desenvolvimento científico e tecnológico em São Paulo apoiados pela Fundação, e a Rede ANSP (Academic Network at São Paulo), que no fim da década de 1980 ajudou a ligar o Brasil à internet.
O físico nasceu em Milão, Itália, e veio para o Brasil com dois anos. Em 1941 ingressou no curso de física da USP e deu início a trabalhos com Gleb Wataghin em pesquisas sobre raios cósmicos. Em 1942, os dois mediram pela primeira vez o coeficiente de absorção das radiações cósmicas geradoras dos chuveiros penetrantes de raios cósmicos. Graduou-se em 1945, quando se tornou assistente da cadeira de Física Geral e Experimental, dirigida por Marcello Damy.
Em 1946, com bolsa da Fundação Rockefeller, estagiou na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Em 1948, transferiu-se para a Universidade de Wisconsin para atuar no projeto do acelerador eletrostático encomendado pela USP, do tipo Van de Graaff, o primeiro a utilizar feixes pulsados para estudos sobre reações nucleares com nêutrons rápidos, importante para pesquisas na área de energia nuclear.
Em 1962, conquistou a Cátedra de Física Nuclear e, em 1972, liderou a montagem do acelerador de partículas Pelletron. "O professor Oscar Sala foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da física nuclear no País, tendo sido o grande responsável pela instalação e operação do Pelletron no IF-USP", diz José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp de 1993 a 2004.
Em seguida, Sala participou do Grupo Científico Internacional de Trabalho sobre Dados Nucleares, organizado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 1964, em Varsóvia, e em 1965, em Tóquio. Publicou diversos artigos em revistas especializadas sobre raios cósmicos, física nuclear, instrumentação e física de aceleradores. Foi chefe do Departamento de Física Nuclear da USP nos períodos de 1970 a 1979 e de 1983 a 1987, tornando-se professor emérito em 1994.
Sala recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994), as medalhas de Ouro da Câmara Municipal de Bauru (SP), cidade onde morou (1950), a Jubileu de Prata da SBPC (1973), a Jubileu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (1981), a Carneiro Felipe da Comissão Nacional de Energia Nuclear (1987) e o prêmio Moinho Santista de Física (1981), entre outras distinções.