Notícia

Jornal do Brasil

Fiocruz descarta contaminação de vacina usada em Campinas

Publicado em 19 abril 1996

Os primeiros testes realizados ontem pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz eliminaram a hipótese de as vacinas contra meningite do tipo C aplicadas em Campinas estarem contaminadas por endotoxinas. A endotoxina é a substância das bactérias, nociva ao ser humano, que poderia ter passado pelo processo de filtragem ou entrado em contato com a vacina. Divulgado ontem, o resultado não descarta, porém, a possibilidade de contaminação por outras substâncias no processo de produção da vacina. "É pouco provável que tenha havido alguma contaminação. Se tivesse, deveria aparecer no teste de ontem", disse o diretor do instituto, Felix Rosenberg. O resultado do exame que comprovará se houve ou não contaminação só será divulgado em 14 dias. Na próxima semana, porém, já saem os resultados dos testes para detectar se havia excesso de proteína e de polissacarídeos na vacina. A hipótese de excesso de proteínas foi a primeira a ser levantada por técnicos da fundação. Felix Rosenberg comentou também o alto índice de reação à vacina sob a forma de vômitos, dores locais e febre. Até ontem, a Fiocruz achava o número de casos muito acima do normal que, segundo bibliografia internacional, é de no máximo 2%. Em Campinas e em municípios vizinhos, 6.653 casos de reações foram registrados - entre 15% e 20% das pessoas vacinadas. "Em livros mais recentes, há casos como o do Senegal, em 1974, quando 40% dos que receberam a vacina com o mesmo tipo de material que usamos tiveram dores fortes no braço; 4%, dores de cabeça; e 10% desmaiaram", explicou Rosenberg. Ontem, o presidente em exercício da fundação, Paulo Buss, fez um apelo à população para que não deixe de acreditar na vacina. "Por piores que sejam as reações, elas são momentâneas, enquanto a vacina salva vidas. É preciso estar ciente disso. Assim, erradicamos a poliomielite e estamos quase acabando com o sarampo", disse.