A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, está à caça de clientes para os R$ 22 milhões de uma linha de crédito especialmente voltada a micro e pequenas empresas.
A preocupação é evitar que se repita o que aconteceu em anos anteriores quando, de um total de cerca de R$ 75 milhões disponíveis para o período 93/96, apenas R$ 18 milhões (24%) foram contratados, informa o economista responsável pelo segmento de micro e pequenas na regional paulista da Finep, Marco Antônio Nunes.
A principal dificuldade na contratação é atribuída à falta de garantia do pequeno empresário para viabilizar o empréstimo. Mas Nunes afirma que existe também muita falta de informação, desconhecimento. Além da desconfiança do empresário de que o negócio não se viabilize, por isso ele nem tenta.
O presidente do Sebrae-SP, Sylvio Goulart Rosa Júnior, acha que, na verdade, o desconhecimento é mais grave do que a falta de garantia. "A Finep tem uma lista de produtos interessantes para o micro e pequeno, mas é preciso permitir que entidades de classe, fundações, incubadoras de tecnologia ou mesmo empresas de consultoria possam difundir os produtos Finep", afirma Rosa Júnior.
Segundo ele, ao se informarem sobre as linhas de crédito, os empresários vão saber também da disponibilidade de fundos que podem ajudar na hora de apresentar garantias, como o Fundo de Garantia de Crédito e o Fundo de Aval do Sebrae, ainda em fase de implantação.
O Fundo de Garantia Crédito é voltado especialmente para apoiar a obtenção de financiamento para o desenvolvimento tecnológico e gestão de qualidade. Exatamente a área de financiamento da Finep.
Os interessados nos recursos da Finep precisam ter garantias: em imóveis, de cerca de 120% do valor tomado, ou em equipamentos equivalentes a 130%, mais o aval pessoal. Não são aceitos automóveis, bens de informática, ou linhas telefônicas.
O economista explica que o Fundo de Garantia de Crédito do Sebrae entra complementando a garantia se o tomador não tiver o total solicitado. Nesse caso, o usuário do fundo paga, alem das taxas da Finep, o equivalente a 1% ao ano para ressarcir o Fundo de Garantia de Crédito.
Nos últimos dias, Nunes tem conversado com diversas entidades de classe para divulgar o produto e tirar dúvidas. Entre elas: a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o sindicato do mobiliário de Votorantin, os sindicatos calçadistas de Franca e de Jaú, representantes do segmento de galvanoplastia e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura(AsBEA).
A AsBEA pretende apresentar projeto conjunto à Finep. "É um recurso importante para os escritórios que só contam com os financiamentos bancários de praxe com juros altos", diz o vice-presidente da AsBEA, José Eduardo Teixeira.
Os recursos são destinados à aquisição de equipamentos, softwares, novas tecnologias ou programas de treinamento. O enfoque principal é sempre o avanço tecnológico, a modernização. Mas é possível utilizar até 25% do total financiado para capital de giro, desde que o projeto atenda as exigências básicas de modernização da empresa.
Os escritórios de arquitetura poderão contratar até R$ 150 mil, cobrindo até 90% do valor do projeto. O valor mínimo de contratação é de R$ 30 mil. A taxa anual é TJLP - Taxa de Juros de Longo Prazo mais 3%.
Uma vez apresentado o 'projeto, a liberação do financiamento deve sair no prazo de cerca de 60 dias. São consideradas pequenas empresas aquelas que têm até 50 funcionários no caso de atuarem na área de serviços e até 100 funcionários para a área industrial.
Rita Karam São Paulo
Notícia
Gazeta Mercantil