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Jornal do Brasil

Finep investe US$ 85 milhões em engenharia

Publicado em 21 maio 1996

Por ALICIA IVANISSEVICH
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, vai investir US$ 85 milhões no Programa de Desenvolvimento das Engenharias (Prodenge). O objetivo é formar recursos humanos competentes que possam atuar em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país. Para discutir qual deve ser o perfil do engenheiro do futuro, a Finep convidou representantes da área tecnológica, empresarial e industrial para participar do Seminário A nova engenharia brasileira, que acaba hoje no Hotel Glória, no Rio. "Menos de 10% dos estudantes brasileiros estão na área da engenharia", aponta o presidente da Finep. Lourival Carmo Mônaco. "Nos países desenvolvidos, essa proporção varia de 30% a 50%", compara. "Para promover a competitividade no país, precisamos de uma administração moderna e permanentemente atualizada. Os nossos cursos de engenharia têm um bom fundamento teórico mas contam com pouca experiência de pesquisa aplicada." A idéia do Prodenge é criar uma rede de conhecimentos - por via satélite, Internet e multimídia - que permita aos engenheiros de todas as regiões brasileiras se atualizarem constantemente. Para isso, basta ter um ponto de acesso à televisão ou a um computador. As áreas que terão ênfase são a de metalmecânica e automação industrial, eletroeletrônica, agroindustrial, ambiental, recursos hídricos, transporte e saneamento. 'Universidade virtual' - "O uso dos meios eletrônicos para o ensino de ciência é fundamental", destaca o diretor do Prodenge, o engenheiro Waldimir Pirró e Longo. "A universidade virtual existe nos Estados Unidos desde a década de 80 e as salas de aula estão dentro das empresas, no setor produtivo." Segundo Longo, com a implantação do programa, o ensino da engenharia vai melhorar e a desistência dos cursos, diminuir. Também deve melhorar o ensino de ciência no segundo grau, porque os profissionais que receberão verba da Finep deverão ter alguma ação nas escolas, como o treinamento e a atualização de professores nas áreas de matemática, química, física e computação. "Além disso, o custo do ensino superior vai diminuir com a educação à distância, porque o número de alunos aumenta e o investimento se mantém", afirma Longo. "Cerca de 95% dos engenheiros do país estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste", diz Mônaco. "O programa pretende formar profissionais competentes para atender às outras regiões que são, inclusive, as que mais precisam se desenvolver", acrescenta. Segundo Mônaco, o engenheiro do futuro deve ter muito conhecimento em ciência básica e estar periodicamente se reciclando para atender as exigências do mercado. Cooperação - A intenção da Finep é investir não apenas no ensino mas também na pesquisa em engenharia, estimulando os institutos de ciência básica e as universidades a trabalhar junto à indústria e a empresas prestadoras de serviços. Os recursos são do Banco Interamericano de Desenvolvimento (USS 50 milhões), da Capes, do CNPq e da Secretaria do Ensino Superior do Ministério da Educação e do Desporto (USS 35 milhões). A Finep está selecionando agora os projetos de pesquisa aplicada.