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Fim do Universo é adiado (1 notícias)

Publicado em 11 de novembro de 2004

Podem respirar aliviados: o Universo deve continuar existindo por pelo menos mais 24 bilhões de anos. A afirmação, publicada na revista Nature, é de um novo estudo feito pelos mesmos astrofísicos que haviam estimado anteriormente o 'deadline' em 11 bilhões de anos. Os astrofísicos, liderados por Andrei Linde, da Universidade de Stanford, nos EUA, fizeram o novo cálculo a partir da análise da energia negra, a força misteriosa que atua de forma oposta à da gravidade e que estaria relacionada com a expansão - e fim - do Universo. O estudo foi conduzido a partir de observações feitas com o telescópio espacial Hubble, que identificou supernovas se afastando com velocidade jamais vista, o que implicaria que o Universo estaria expandindo mais rapidamente do que se acreditava. A equipe de Linde estima que o Universo deve durar cerca de duas vezes a idade atual, antes de entrar em colapso. Cientistas foram surpreendidos em 1998, quando se verificou que a expansão do Universo estava acelerando. Para tentar entender o que poderia estar desafiando a gravidade que aproxima as galáxias, foi lançada a idéia de que uma força invisível, a que chamaram de energia negra, poderia estar se opondo à força gravitacional. Alguns modelos descrevem a energia negra como uma 'pressão negativa no Universo' na qual, diferente de um gás, a pressão por ela exercida aumenta à medida em que expande. Mas a força negra nunca foi observada d ire ta mente. 'Mesmo estimativas bem formuladas sobre a energia negra são profundamente problemáticas', disse Robert Caldwell, do Dartmouth College, para a Nature. Segundo o modelo proposto por Linde, que se baseia em cálculos feitos por Yun Wang, da Universidade de Oklahoma, a energia negra teria duas fontes. Uma seria a forma hipotética de energia produzida pela massa fervilhante de partículas que surge espontaneamente e desaparece, no vácuo. A outra seria um tipo de campo de força intrínseca à constituição do Universo e responsável pela sua expansão. Se assumirmos esse modelo como correto, provavelmente estaremos seguros pelos próximos 24 bilhões de anos', disse Linde.' (Agência Fapesp, 11/11) JC e-mail 2645, de 11 de Novembro de 2004