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Filmes retratam problemas urgentes na Amazônia diante dos olhos da população afetada (10 notícias)

Publicado em 02 de novembro de 2022

No território Munduruku, próximo à cidade de Jacareacanga (PA), há um edital para a entrega de cadeiras de rodas para crianças.

Uma investigação médica concluiu que isso se deve aos altos graus de mercúrio no sangue da população da região, que levam a distúrbios neurológicos irreversíveis em adultos, idosos e também em crianças.

O mercúrio despejado ilegalmente no rio Tapajós para extração de ouro infectou rios, peixes e também o povo Munduruku. O conjunto de sintomas neurológicos apresentados pelos indígenas é chamado de “doença de Minamata”, uma cidade de pescadores no Japão que, em 1950, viu sua baía ser infectada através de uma fábrica de plástico que liberou mercúrio nas águas. Os japoneses levaram 35 anos para fechar a fábrica, receber reembolso e pensões.

Ambas as histórias são contadas no filme “Amazônia, uma nova Minamata?”, que tem lançamento previsto para outubro. A produção é dirigida por Jorge Bodanzky e conta com o Dr. Erik Jennings e a líder indígena e ativista ambiental Alessandra Munduruku. O documentário, Alessandra, em um comício no Congresso Nacional, disse: “As pessoas querem saber o que está acontecendo e é por isso que não paramos de brigar. Estão matando nossos filhos.

“Todos sabemos o desafio da poluição por mercúrio na bacia amazônica, mas não fazia ideia de como é uma escala e desastre irreversível. Mercúrio ataca o sistema neurológico, ele também passa pela posição, e crianças pequenas nascem com um “Não vemos mercúrio, não sentimos o cheiro. Também leva tempo para aparecer. Às vezes, outras pessoas vivem no cargo há 30 anos, estão contaminadas, mas não é perceptível”, disse Bodanzky, que participou do primeiro seminário do ciclo “Amazônia em símbolo e movimento: as histórias de extrativismo na Amazônia registradas através das lentes do documentário nacional”, promovidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em setembro.

O ciclo, dividido em 3 sessões, tem como objetivo falar sobre o quão extenso o extrativismo na Amazônia e as principais obras de infraestrutura que o acompanham foram gravadas e disseminadas nacional e globalmente através de um conjunto de filmes fisicamente poderosos.

A proposta de debate surgiu dos pesquisadores que compõem a obra ‘Depois das usinas hidrelétricas: processos sociais e ambientais que ocorrem após a estrutura de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira', apoiada pela FAPESP como membro do Programa De Excelência de São Paulo (SPE).

“Produzimos sabedoria sobre os efeitos sociais e ambientais após a estrutura das usinas hidrelétricas, mas essa pintura faz parte de um processo antigo muito mais amplo. A produção documental teve um papel central nessa documentação. Atividades desde a era da borracha até a mineração, para conscientizar um público mais amplo os processos que ocorreram na Amazônia e até contribuir para o programa de estudos universitários da região”, disse Emilio Moran, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da atribuição SPEC-FAPESP.

Para especialistas, a colaboração entre documentaristas e a população afetada pelos trabalhos primários na Amazônia é fundamental. Para eles, também é obrigatório montar um esquema e divulgar a formação de recursos humanos no cinema e na comunicação na região para que os problemas da vida social dos povos indígenas, cidadãos e da Amazônia em geral, sejam percebidos do ponto de vista, do ponto de vista daqueles que vivem os problemas.

“A Amazônia interessa ao global total e, de certa forma, ocupa um espaço no olho da mente do global. Isso tradicionalmente faz com que sofra de um certo extrativismo de imagens. Há uma oferta amazônica imaginada em filmes de ficção. tamanho político do documentário e é essencial que essa atitude também venha das outras pessoas que vivem na região”, disse Gustavo Soranz, professor visitante da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do ebook “Território Imaginado – Imagens da Amazônia. En el cine” (Edições Muiraquitã, 2012).

“A Amazônia interessa ao global total e, de certa forma, ocupa um espaço no olho da mente do global. Isso tradicionalmente faz com que sofra de um certo extrativismo de imagens. Há uma oferta amazônica imaginada em filmes de ficção. tamanho político para o documentário E esse ponto de vista também vem das outras pessoas que vivem na região”,

Historicamente, a progressão da Amazônia foi concebida com vistas ao crescimento econômico, não da região, mas do país. Esse estilo hegemônico é retratado em vários documentários. No entanto, segundo especialistas, por meio da análise de documentários ao longo dos anos, é concebível uma substituição na forma de representar os povos indígenas, cidadãos e caboclos.

Segundo Edna Castro, professora emérito da UFPA e codista do filme ‘Marias da Castanha', os símbolos da Amazônia transmitiram pela primeira vez a crença do homem subordinado. “A subordinação é percebida como algo fatal, que não se move, tudo consagrado como um componente da vida social na região. Hoje, no entanto, temos uma produção simbólica que mostra o contrário: é a revolta, a insurreição que atravessa o passado colonial. “Dito.

Castro argumenta que as dimensões da ideia de progresso e prosperidade em Eldorado são o procedimento existente de produção de commodities. “Esta é a força do símbolo hegemônico de prosperidade, agricultura, minerais, madeira”, acrescentou.

“Muitos documentários mostram essa invasão da privacidade da Amazônia e muitos deles assumem o mito do progresso e do progresso. Inicialmente, eram movimentos civilizacionais que invadiam a região e viam a Amazônia como ignorante, bestializada, seja por políticas públicas, acrescentando um exército. governos, seja no campo da pesquisa, corporações e determinadas agências no caso da Sudam [Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia]. Mas o audiovisual pode ajudar a descolonizar o olhar”, disse.

Soranz com Castro. Au webinar, comparando 3 filmes, feitos em outros períodos antigos, para mostrar como a evolução do olhar se espalhou em documentários sobre o extrativismo na Amazônia e como a presença dos sujeitos sociais que habitam a importante região tem se tornado cada vez mais.

Ele analisou pela primeira vez “No Paiz das Amazonas”, um documentário mudo brasileiro de 1922 dirigido por Silvino Santos. O filme, já filmado no crepúsculo do ciclo da borracha, tem como objetivo mostrar modelos econômicos para a região, sendo uma espécie de propaganda para exploração. de produtos como tabaco, nozes, peixes e outros.

“Marco inaugural do documentário amazônico, a comissão foi financiada pelo comerciante JG Araújo, que explorou as contribuições da selva. É, portanto, um filme, que sobe o Rio Negro, demonstrando toda a perspectiva econômica dos recursos à base de plantas. E como aparece o tema social?, com referência do olhar para a câmera, símbolo que denota um certo namoro afetivo ou amigável entre o tema filmado e o filmado. “Não há histórias de vida. É um estoque de oportunidades econômicas baseadas em insumos de ervas que podem ser extraídos da floresta”, disse.

Em ‘Marias da Castanha', passando por Edna Castro e Simone Raskin (1987), trata-se do processamento de castanhas no Pará. começando a entrar no universo privado, eles se apresentam como outras pessoas que têm sonhos, anseios, que lutam”, disse ele.

O filme também conta a história das dificuldades de se mudar do campo para a capital, como é ser o chefe da casa e cuidar de seus filhos sozinhos. “Os relatórios fornecem todo esse tamanho social que é colocado não se trata de extrativismo, mas de quem são os sujeitos que pintam no extrativismo. novas questões sociais”, explicou.

O terceiro documentário analisado por Soranz é “Antônio e Piti”, através de Vincent Carelli e do diretor indígena Ashaninka Wewito Piyãko (2019). O filme conta a história de um casal: Antônio é Ashaninka, da vila de Apiwtxa, no Acre, e Piti é uma mulher não-nativa, filha de um soldado de borracha. “Mas não se trata apenas de uma história de amor, ou de preconceitos e barreiras culturais de um casal. É um exemplo de progresso em relação às histórias de vida, entrando na intimidade do casal e reunindo essas outras pessoas em dificuldade”, disse.

Soranz argumenta que os outros Ashaninka vivem em um domínio de confronto entre posseiros e povos indígenas. “A partir da vida pessoal, o filme caminha para o tamanho político da luta, confronto e demarcação de terras indígenas. Vai além dos grandes problemas. Documentários também são muito parecidos com gestos políticos”, disse ele.

A série webinar “A Amazônia em Imagem e Movimento: Histórias do Extrativismo na Amazônia Registrada através das Lentes de um Documentário Nacional” 3 encontros.

Descubra o primeiro seminário:

*Por María Fernanda Ziegler | Agência FAPESP