O mineiro Vamberto Luiz de Castro, que foi curado de um câncer terminal após passar por um tratamento inédito na América Latina, morreu após um acidente em Belo Horizonte.
Segundo informou a Polícia Civil de Minas Gerais, Vamberto deu entrada no dia 11 de dezembro no Instituto Médico Legal, foi examinado e teve o corpo liberado no mesmo dia. As circunstâncias da morte ainda são desconhecidas.
"Somente após o laudo do exame de necropsia será possível dizer se há indícios de violência", informou a assessoria da Polícia Civil por telefone. O laudo está previsto para sair em 30 dias.
Curado com tratamento inédito
Vamberto foi a primeira pessoa na América Latina a receber um tratamento feito a partir das próprias células em uma terapia conhecida como CART-Cell. Ele já estava em fase terminal de um linfoma nos ossos e foi ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto em busca de um tratamento experimental. Ele já havia passado por diversas sessões de quimioterapia antes de buscar o tratamento.
A terapia conhecida como CART-CeII - que começou a ser estudada no exterior - foi inteiramente desenvolvida no Brasil no Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao HC de Ribeirão Preto.
O tratamento foi feito com células T (do sistema imunológico) retiradas do próprio paciente e geneticamente modificadas. A função original dessas células é combater doenças. No entanto, muitos cânceres conseguem driblar esse mecanismo de defesa natural do organismo, tornando-se "invisíveis".
Os especialistas alteraram geneticamente as células T, com a inclusão de uma proteína específica que as torna mais sensíveis a determinados tipos de linfoma. As células alteradas e cultivadas em laboratório foram inseridas de volta no paciente por meio de uma infusão. Com a alteração genética nas células de defesa, elas passam a reconhecer mais facilmente as células cancerosas e conseguem destruí-las.
Em menos de 20 dias, Vamberto já apresentou a remissão da doença. Ele recebeu alta em outubro após ser considerado curado da doença.