Protocolo abrange desde a forma como as amostras testadas são preparadas até a utilização de técnicas estatísticas para avaliar sua homogeneidade e estabilidade
Cientistas da USP, em parceria com o Laboratório Federal Agropecuário (LFDA-SP), realizaram uma pesquisa pioneira que levou ao desenvolvimento de um protocolo para avaliar a qualidade dos resultados de diagnósticos de sars-cov-2 feitos usando a técnica de RT-PCR (teste molecular). Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, representando um importante avanço no monitoramento e controle de qualidade dos resultados laboratoriais relacionados ao sars-cov-2 em laboratórios do Estado de São Paulo.
O método desenvolvido, também conhecido como ensaio de proficiência (EP), é uma ferramenta essencial para garantir a confiabilidade dos resultados obtidos pelos laboratórios envolvidos no diagnóstico do coronavírus. O protocolo criado pela USP abrange desde a forma como as amostras são preparadas até a utilização de técnicas estatísticas para avaliar sua homogeneidade e estabilidade, além do desempenho dos laboratórios participantes.
No estudo, dez laboratórios da rede de monitoramento de sars-cov-2 do Estado de São Paulo foram submetidos à metodologia para avaliar sua capacidade diagnóstica. Para a execução do ensaio de proficiência, foi preparado um painel contendo amostras positivas para o sars-cov-2, em diferentes diluições, e outras negativas, para controle, sendo todas posteriormente enviadas aos laboratórios participantes. Essas amostras foram cuidadosamente avaliadas para garantir sua homogeneidade e estabilidade, a fim de não influenciar nos resultados das entidades externas.
A partir dos resultados das análises feitas pelos laboratórios, foi possível observar que 95% das amostras que não continham o sars-cov-2 foram identificadas corretamente. Já em relação às amostras positivas, 73% foram classificadas de maneira correta. “A realização de estudos interlaboratoriais como esse é de extrema importância para aprimorar a qualidade dos diagnósticos de sars-cov-2. Através deste ensaio de proficiência, podemos monitorar e melhorar a capacidade diagnóstica dos laboratórios, proporcionando resultados mais confiáveis”, disse Igor Olivares, professor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e líder da equipe de pesquisa.
A publicação na revista Diagnostic Microbiology and Infectious Disease visa disponibilizar essa importante ferramenta de qualidade para adoção por outros países ou redes de laboratórios interessados em aprimorar sua capacidade diagnóstica do sars-cov-2.
Esse avanço científico da USP representa um marco significativo no enfrentamento da pandemia e na busca por diagnósticos mais precisos e confiáveis do sars-cov-2. A expectativa é de que essa ferramenta de qualidade contribua para aprimorar os serviços laboratoriais em todo o mundo e, assim, auxilie no controle e combate da disseminação do vírus.
A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).