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Gazeta Mercantil

Fernando Henrique anuncia intenção de doar área para Fapesp (1 notícias)

Publicado em 10 de junho de 2002

Por Cyro Queiroz Fiúza - de São Paulo
O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou na noite do sábado, durante cerimônia de comemoração dos 40 anos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na Estação Júlio Prestes, o plano da União em doar a área de 23 alqueires onde hoje está o Ceagesp, para a Fapesp e Universidade de São Paulo (USP). "Tenho a disposição de passar esse patrimônio para a USP, via Fapesp. Antes de vir para São Paulo, pedi ao Ministério do Planejamento para formar um grupo e avaliar de que forma é possível fazer um funding", disse o presidente. Essa área, conformo esclareceu Fernando Henrique, havia sido entregue ao governo federal pelo estado de São Paulo, como forma de pagamento de antigas dívidas. José Fernandes Perez, diretor-científico da Fapesp, adiantou que o novo espaço poderá ser usado de diversas formas. "Incorporação e aluguel são algumas maneiras de obter recursos. A criação de um Museu de Ciência e Tecnologia e outra idéia com boas possibilidades". Na solenidade, que contou com uma apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, Fernando Henrique fez um discurso de cerca de 15 minutos, cm que lembrou sua relação com a instituição de pesquisa e com o meio acadêmico mesmo antes da fundação da Fapesp, em 1962. "Os principais institutos de pesquisas dos Estados Unidos e da França foram criados na mesma época. Estamos na vanguarda do desenvolvimento industrial em muitas áreas, como na aviação, porque avançamos de um estado de relativo atraso para a condição que temos hoje. Institucionalizamos a pesquisa científica e multiplicamos as fontes de recursos", assinalou FHC", que destacou a quantia de R$ 1 bilhão atualmente destinada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) a diversos fundos de pesquisas. "Na época eu poderia ter sido chamado de vermelho ou subversivo, mas o fato é que criamos a carreira universitária a partir da nova Associação dos Auxiliares de Ensino da USP (Adusp) e modernizamos a universidade, que tinha foco apenas acadêmico e não pensava em pesquisa", disse FHC. O presidente Fernando Henrique foi bolsista da Fapesp a partir de 1962, com o trabalho intitulado 'Os empresários industriais e o desenvolvimento econômico do Brasil'. GERAÇÃO DE EMPREGOS O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, destacou em seu discurso a importância do complexo de pesquisa existente no estado e alguns trabalhos que vêm resultando no aumento das exportações brasileiras. "Temos o desenvolvimento dos aviões da Embraer, os estudos para a cura do câncer, o Projeto Genoma e o seqüenciamento genético da Xylella fastidiosa, causadora da praga do amarelinho. Nossas laranjas são responsáveis por 400 mil empregos no estado", ressaltou. Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da Fapesp, lembrou que a idéia de criar a instituição surgiu em 1947, com a divulgação do documento 'Ciência e Pesquisa' por um grupo de cientistas liderados pelo pesquisador Adriano Marchini, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Em 1962, o governador Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto promulgou o decreto-lei que criou a Fapesp. Em 1989, com a adoção da nova Constituição de São Paulo, o percentual da receita fiscal entregue à instituição subiu de 0,5% para 1%, número que se mantém até hoje. "A Fapesp tornou-se muito conhecida pelo Projeto Genoma, mas e preciso dizer que há outros projetos importantes em andamento como o Biota (mapeamento da biodiversidade brasileira). Políticas Públicas (aproximação das universidades com estados e municípios), e de apoio à Ciência e Tecnologia Aeroespacial, que foi decisivo para trazer para São Paulo a nova fábrica da Embraer em Gavião Peixoto". Com 70 pesquisadores, em geral lideranças do meio, a Fapesp costuma aprovar os projetos em até 75 dias. Desde sua criação, já concedeu 59.789 bolsas de bolsas e 60.113 auxílios à pesquisa.