Jogar vídeo game, dormir e acordar tarde, sair com os amigos, dar atenção aos familiares, ir ao cinema ou ao teatro, coisas simples, porém difíceis de acontecer em meses de aulas. Ah, mas que bom que as férias de julho chegaram, dizem em uníssono os alunos.
A rotina do calendário escolar para os alunos do PROFIS (Programa de Formação Interdisciplinar Superior) parece puxada e uma das características dessa turma é a união e disciplina. O que chama a atenção da comunidade universitária é o fato de marcarem a presença na Unicamp mesmo em período de férias. Seja por que estão com o compromisso de desenvolver projetos de Iniciação Científica, seja por que "adoram" a Unicamp e gostam dos colegas do Curso.
Estes são os argumentos dos alunos do 2º ano do PROFIS Raphael Nunes Pinheiro, 19 anos, Alex Jacomette Salvador, 19 anos e Monique da Silva e Souza, 18 anos, para estarem na Unicamp em plena segunda-feira, férias de julho.
Raphael vem da Escola Estadual Profa. Lais Bertoni Pereira, do Jardim Santa Lucia, bairro populoso e periférico da região sul de Campinas. Ele diz que o projeto de Iniciação Científica o motiva a frequentar os laboratórios da Unicamp quase todos os dias. "Quero estudar odontologia quando terminar o PROFIS, então escolhi o projeto "Efeitos da Acupuntura no manejo da dor aguda dental", na FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba). Minha orientadora é a Profa. Dra. Maria da Luz Rosário de Souza e a coorientadora é a aluna de pós-graduação da FOP, Vera Lucia Rosera Zotelli". Ele explica o projeto: "Nós analisamos cerca de 56 pacientes da FOP que utilizam o tratamento da acupuntura. Mapeamos o perfil dos pacientes com dor aguda dental e tabulamos os dados coletados em questionários e fichas. Apesar do trabalhado não estar concluído, já podemos avaliar que o nível de dor diminui consideravelmente com a aplicação das agulhas". A agenda de reuniões incluiu cerca de 15 encontros do aluno com os orientadores, na própria FOP, desde que Raphael iniciou o projeto.
Nas férias, o encontro com os colegas de classe, que vêm pelos mesmos motivos, Iniciação Científica e amizade, é um momento especial para todos. "Apesar dos estudos nas férias, tenho bastante tempo livre. Durmo de madrugada, acordo tarde, saio com os amigos, curto a família. Aproveitei para assistir ao filme Homem de Aço e jogar Mortal Kombate", diz convencido que está curtindo bem as suas férias.
Alex mora no centro da cidade e estudou na Escola Estadual Orosimbo Maia. No PROFIS, realiza o projeto "Atividade Solar e seus efeitos na Terra" sob a orientação do Prof. Dr. Anderson Campos Fauth. "Desde criança adoro esses assuntos que falam de astronomia, universo, estrelas. No colegial, sempre me saia bem nas matérias de física, química e matemática. Agora estou tentando conciliar tempo livre de férias com o projeto, que estuda a base de fundamentação teórica: como é o sol, como ocorrem as explosões solares, quais os efeitos que causam no planeta e é muito bom pesquisar esse projeto".
Alex já quis estudar Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação, mas depois de entrar para o PROFIS e de conhecer os princípios da Física, quer mesmo é seguir os estudos no Instituto de Física. "Nas férias, venho à Unicamp quase todos os dias. Fico cerca de uma hora e meia, vou a Laboratórios, encontro os amigos". E explica que quando tem um tempinho livre, aproveita para atualizar o Facebook e fazer os relatórios. E dá dicas: "No primeiro ano é mais difícil conciliar estudos e diversão, a gente fica um pouco perdido, porque tudo é novidade. Mas no segundo ano, nós assumimos a responsabilidade de aproveitar o tempo, sem desperdiçar as oportunidades da Unicamp". "É preciso ter força de vontade.Tem colegas que desistem logo de início. Não aguentam o esforço, mas nossa turminha do segundo ano é muito unida", explica cumprimentando a colega Isamara França, que faz um projeto que estuda os motivos da desistência dos alunos do PROFIS e Sabrina Sanchez, que chega depois da entrevista no PB.
Monique da Silva e Souza é oriunda do colegial da Escola Estadual Orosimbo Maia e como os demais amigos, também aproveita as férias para adiantar o projeto de Iniciação Científica no Instituto de Química. O projeto que leva o nome "Aplicação de moduladores espacial no acompanhamento de nano partículas" está sob a orientação do Prof. Dr. Renê Alfonso Nome Silva. A jovem explica os estudos: "Estou estudando o processo de cristalização de nano partículas". E completa: " Sempre gostei de química, mas passei a interagir mais depois das aulas do professor José de Alencar (Simoni). Ele anima a classe, a gente se sente mais motivado a estudar química". Sobre as férias, Monique relata que faz as mesmas coisas básicas que os colegas: joga vídeo game, sendo os preferidos o Mortal Kombate e o Castlevania. Na última semana, achou tempo para ir ao cinema assistir o filme Meu Malvado Favorito Dois. "Também assisti à peça Improviso, em Paulínia", afirma contente.
SAE contribui com bolsas-auxílio para a permanência no Curso PROFIS e apoio à Pesquisa
O Serviço de Apoio ao Estudante contribui com a formação dos alunos do PROFIS na sustentação de bolsas. Cerca de 230 bolsas mensais são concedidas aos alunos do PROFIS, além de bolsa alimentação e bolsa transporte. Segundo Raphael, se não tivessem o auxílio do SAE, não teriam como se manter no Curso. O SAE também apoia a pesquisa de Iniciação Científica, em parceria com a Pró-reitoria de Pesquisa (PRP) e Pró-Reitoria de Graduação (PRG). Todos os projetos de Iniciação Científica devem ser apresentados no XXI Congresso de Iniciação Científica que acontecerá de 23 a 25 de outubro próximo no Ginásio da Faculdade de Educação Física da Unicamp (FEF).
Além dos alunos do PROFIS, devem participar do XXI Congresso de Iniciação Científica bolsistas do Pibic/CNPq, Pibiti/CNPq, Pibiti/Funttel, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), alunos de graduação com projetos financiados por outras agências de fomento à pesquisa ou não, do Serviço de Apoio ao Estudante - SAE/Unicamp, além de bolsistas que participaram da 5ª edição do programa PIC.Jr (fonte:PRP).
Participação nas recentes manifestações públicas
Essa juventude que aproveita o máximo das oportunidades, sem deixar de se divertir, também opina sobre as recentes manifestações públicas que acontecem ou aconteceram espontaneamente no Brasil. Alex diz: "Uma pequena revolta de pessoas na rede social cresceu tanto a ponto de se transformar numa causa enorme, com a participação de milhares de pessoas nas ruas. Mas eu acho que valeu a pena até o ponto em que as manifestações foram pacíficas. Depois ficou mal organizada, sem um foco correto, até acontecendo violência", avalia. Raphael concorda com o amigo e completa o raciocínio: "Penso que a reivindicação de uma educação melhor e a reforma do Ensino Médio, principalmente, seria o eixo correto de uma manifestação bem organizada. Ele afirma: "A educação é a base de tudo, de uma sociedade mais justa, toda luta vale a pena, mas essa é a principal". Sobre a copa, Alex e Raphael pensam com igualdade: "Não somos contra a Copa do Mundo, mas os recursos devem ser bem usados e de forma transparente". Já Monique diz que os estudos não deixavam tempo para ir às manifestações. "Quando não estava estudando, procurava ler muito sobre os post que me mandavam no Facebook, mas não emitia opinião, só me inteirava dos fatos".
Fonte: Imprensa Unicamp