A ocorrência de fenômenos naturais extremos – como terremotos, tsunamis, furacões e erupções vulcânicas - coloca em risco de extinção quase 4 mil espécies de vertebrados terrestres.
A conclusão é de um grupo de pesquisadores de seis instituições do Brasil e de 11 países, que acabam de produzir um relatório, apontando que as espécies ameaçadas representam cerca de 11% do universo de 34 mil analisadas.
Entre as instituições brasileiras que participam do estudo, estão a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Foram consideradas ameaçadas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que têm ocorrência restrita ou população inferior a mil indivíduos em idade reprodutiva, em áreas menores que 2,5 mil quilômetros quadrados e cuja distribuição geográfica inclui áreas historicamente sujeitas a eventos extremos.
Entre vertebrados, os mais ameaçados são os répteis. No mundo, correm risco de extinção o urso panda, na China, e o beija-flor-de-barriga-safira, na Colômbia.
No Brasil, duas espécies estão particularmente ameaçadas: o lagarto-da-areia, encontrado nas praias fluminenses, e a rã-grilo-de-barriga-vermelha, que habita regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A cientista do Instituto Tecnológico Vale, Carolina Carvalho, avalia que o baixo número de espécies em risco de extinção no país ocorre devido à raridade desses eventos climáticos por aqui.
“Há poucas espécies em risco de extinção [em relação a eventos extremos] por conta dessa baixa ocorrência de fenômenos naturais que a gente tem aqui no país. O lagarto-da-areia foi classificado em risco de extinção por tsunami por causa de um tsunami de baixa magnitude, que atingiu a costa em 2004. A rã-grilo-de-barriga-vermelha foi classificada em risco de extinção devido a furacões, por causa de um furacão também de baixa magnitude que ocorreu naquele mesmo ano”.
Para a pesquisadora, a proteção de animais ameaçados por furacões e tsunamis envolve a conservação do habitat natural.
“As barreiras naturais como os mangues, as dunas e os recifes são importantes para proteger essas áreas durante impactos de furacões e tsunamis. Além disso, conectar fragmentos de vegetação nativa, estabelecendo amplos corredores e áreas protegidas em torno dessas áreas de risco, pode proteger esses habitats e aumentar a ocupação e a área de distribuição dessas espécies”.
A região do Círculo do Fogo, no Pacífico, tem as espécies mais ameaçadas por terremotos. Já os furacões são apontados como maior risco aos animais do Mar do Caribe, Golfo do México e do noroeste do Pacífico.
O estudo revela, ainda, que a região neotropical, que vai do sul do México até o norte da Argentina, abriga quase 40% das espécies ameaçadas.