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Ciência Hoje

FECHANDO O CICLO DO CARBONO

Publicado em 01 setembro 2009

"Para se ter um estudo completo do ciclo do carbono nas florestas tropicais, é preciso avaliar o estoque desse elemento nas árvores que estão mortas e em decomposição, a chamada necromassa. E, na mata atlântica, não há estudos que considerem esse fator". A afirmação é de quem busca ajudar a preencher essa lacuna - a bióloga Larissa Giorgeti Veiga, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os dados coletados por ela até agora mostram que, na mata atlântica, a decomposição, e a consequente liberação do carbono para a atmosfera, é mais rápida em áreas mais baixas, como a floresta de restinga, que em locais de altitude mais elevada. A hipótese é que a variação do microclima esteja por trás dessa diferença.

A cada seis meses, Veiga visita trechos da serra do Mar em São Paulo, para avaliar o estoque, produção e a decomposição de árvores mortas que continuam em pé e também de troncos caídos. A área estudada abrange desde a vegetação de restinga, ao nível do mar, até a floresta montana, a 1.000 m de altitude. "Queremos entender como as variações de temperatura, umidade, luz e outras condições que variam com a altitude afetam o estoque, a produção, a decomposição e a consequente liberação do carbono para a atmosfera", explica. "Para isso, avaliamos periodicamente o diâmetro ou perímetro e grau de decomposição dos troncos em diferentes altitudes da mata atlântica", completa.

Os resultados mostram que o estoque de madeira morta e a velocidade de decomposição variam com a altitude, mas a própria pesquisadora afirma que é preciso investigar mais. "Hoje é moda falar em emissão de carbono, mas há pouquíssimos estudos sobre o estoque desse elemento na madeira morta. Precisamos fechar o ciclo do carbono incluindo esses dados para entendermos plenamente o papel das florestas tropicais nas mudanças climáticas." O estudo de Veiga é parte de seu mestrado, sob orientação do biólogo Carlos Alfredo Joly, e integra o Projeto Gradiente Funcional do Programa Biota-Fapesp, cujo objetivo é relacionar padrões de biodiversidade com o funcionamento da mata atlântica no estado de São Paulo.