Projetos inovadores de tecnologia social foram apresentados, no estande da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém. Foi uma oportunidade para visitantes conhecerem as parcerias e os investimentos da Fundação na difusão da ciência na Amazônia.
“Foram apresentados ainda estudos sobre segurança cibernética aplicada ao ciclo de capacitação, conscientização, mapeamento, avaliação, privacidade, conformidade e auditoria; o Selo Guamá de Gestão da Inovação; as Empresas Centelha II e Empresas InovaAmazônia. Visitantes também receberam informações sobre dois editais abertos na Fapespa para apoio à pesquisa e iniciativas futuras. Nossa avaliação é de que foi um evento muito produtivo”, disse o diretor Científico da Fundação, Dayvidson Medrado.
Saúde com água potável - Um dos destaques entre os projetos apresentados foi a tecnologia social que leva água potável para ribeirinhos na região insular de Belém, desenvolvida pelos pesquisadores Vania Neu, Rafael Keiichi Nagashima e Henrique Costa Cardoso. O projeto foi pensado para as áreas rurais da Amazônia, onde ainda há graves problemas de saúde resultantes das condições precárias de acesso à água potável.
O principal objetivo do projeto é a validação de um sistema de captação, armazenamento e tratamento da água da chuva, desenvolvido com o propósito de fornecer água potável para consumo humano. A tecnologia social está em consonância com as metas da Agenda 30 para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), e com as diretrizes do Marco Legal do Saneamento básico e da Política Estadual de Saneamento Básico do Pará.
Foram realizadas coletas mensais, durante nove meses, e analisada a qualidade da água de sete residências ribeirinhas no Furo Grande, na Ilha das Onças, município de Barcarena, que receberam a tecnologia social em 2018. As amostras de água foram coletadas em cisterna (água da chuva captada e armazenada), e depois tratadas (com adição de hipoclorito de sódio 2% e filtragem com vela de carvão ativado e feltro). Foram determinados os parâmetros físico-químicos: pH, por meio de um peagâmetro e condutividade elétrica (modelo ‘2052’).
Para determinação de metais pesados, as amostras foram armazenadas em tubos de falcon, preservadas com ácido nítrico e analisadas por um espectrômetro de absorção atômica com forno de grafite. Para a análise microbiológica, houve coleta em campo, com a imersão de uma cartela microbiológica (gel desidratado) em 100 ml de amostra de água e posterior incubação.
Após as análises, os valores de metais pesados mostraram-se abaixo dos estabelecidos por uma portaria do Ministério da Saúde, demonstrando que a atmosfera não contamina a água a ponto de torná-la imprópria ao consumo.
“Fizemos análises, como do pH da água, que teve média de 5,71 ± 0,71. Embora abaixo do que prevê a Portaria de consolidação n° 888/2021, do Ministério da Saúde, como ideal para consumo, representa um valor de pH menos ácido que o da maioria das águas minerais comercializadas em Belém”, detalhou a professora Vania Neu.
Inteligência Artificial - Também foi apresentado o Projeto SDIA (Sistema Inteligente para Promoção do Desenvolvimento Infantil na Amazônia Paraense), uma iniciativa revolucionária do Governo do Pará, via Fapespa, que utiliza Inteligência Artificial para impactar positivamente a vida de crianças na região, a partir da produção de um software que rastreia atrasos do desenvolvimento infantil, e pode ser utilizado por uma ampla variedade de prestadores de serviços na saúde e acompanhamento na educação.
O projeto visa criar soluções inteligentes, que ajudem a promover o desenvolvimento infantil na Amazônia. Com o uso da Inteligência Artificial e outras tecnologias de ponta, o SDIA está construindo um caminho para a transformação da educação e do bem-estar de crianças amazônicas.
"Apresentamos os projetos com várias temáticas, como a de impacto social e tecnologias sociais nas comunidades. Hoje, sábado (13), trouxemos os projetos que são financiados dentro da iniciativa Amazônia +10, além de uma palestra, na qual fizemos um panorama do que a iniciativa já fez no Pará. Foi uma oportunidade de ouvirmos os pesquisadores que já são financiados e aqueles que não são financiados, mas que tenham interesse em fazer parte dessa iniciativa pela Fapespa", finalizou o diretor Científico, Dayvidson Medrado.