Especialistas afirmam que elevar o valor dos auxílios é importante para tornar a carreira científica mais atrativa e reter talentos. Conforme o Estadão mostrou em janeiro, outras agências estaduais - como a do Rio, a de Minas e a de Santa Catarina - decidiram não esperar sinalização de reajuste do governo federal e aumentar suas próprias bolsas. A Fapesp paga os maiores valores.
"Com a alta do custo de vida, inflação, entre outros, torna-se ainda mais importante manter a proatividade da carreira acadêmica, que depende dessa formação, envolvidas nas bolsas", afirmou ao Estadão o diretor científico da Fapesp, Luiz Eugênio Mello. "O que a Fapesp faz nesse momento é reconhecer a importância do ajuste para estimular que as melhores pessoas enxerguem isso como uma carreira."
Novos valores das bolsas da Fapesp
- Iniciação científica (modalidade de pesquisa acadêmica desenvolvida por graduandos): Passa de R$ 695,70 para R$ 800
- Mestrado: R$ 2.349,60 (primeiro ano) e R$ 2.494,20 (segundo ano)
- Doutorado de Direito: Entre 2.494,20 a R$ 4.285,50 (corrigido anualmente ao longo dos quatro anos da pós-graduação).
- Doutorado de outras áreas do conhecimento: R$ 3.462,60 (ano inicial) a R$ 4.285,50 (nos outros três anos).
- Pós-doutorado: Passa de R$ 7.373,10 para R$ 8.479,20
Atualmente, 7.255 pesquisadores no Brasil e 619 no exterior são beneficiados pela agência. Ao todo, 159.372 bolsas foram concluídas em 60 anos. "É a ciência que está nos tirando e permitindo enfrentar a covid-19. Para isso, precisa de pessoas trabalhando que tenham interesse em fazer essa atividade", destaca. O último reajuste da instituição havia sido de 11%, em 2018.
A Fundação também ofertará reajuste de 15% para suas capacitações de Recursos Humanos de Apoio à Pesquisa, Jovem Pesquisador em Centro Emergente, Aperfeiçoamento pedagógico (Ensino Público), Programa Pequenas Empresas e Programa Jornalismo Científico.
Os valores das bolsas de mestrado e doutorado pagas pela Capes e pelo Cnpq são, respectivamente, R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil. Já a bolsa de iniciação científica é de R$ 400. Em 2020, a maior parte das bolsas (73%) era paga pela Capes. O CNPq é responsável por 13% e as fundações estaduais, os outros 13%.
Em janeiro, a Capes informou ao Estadão que o reajuste era assunto "prioritário" e que a equipe técnica avaliava a possibilidade de dar aumento. "Nosso estudo é complexo. Levamos em consideração a responsabilidade fiscal e o melhor uso dos recursos públicos. Em uma conta rasa, precisaríamos de R$1,3 bilhão para fazer o reajuste das bolsas."
Assim como a Capes, CNPq entendia na oportunidade "que os valores das bolsas são muito importantes para a atração de talentos, para manter a ciência brasileira e o seu papel para o desenvolvimento e prosperidade do país", por isso, também estuda o reajuste. Porém, destacou, a correção "depende de um incremento do orçamento proposto pelo governo e discutido e aprovado pelo Congresso Nacional".
Fonte: Notícias ao Minuto