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Fapesp reforça o apoio às pesquisas da Embraer (1 notícias)

Publicado em 26 de julho de 2002

Objetivo é contribuir no esforço para conquista do mercado externo Vanessa D'Angelo escreve para a 'Gazeta Mercantil': Quatro projetos para desenvolvimento de softwares e equipamentos que facilitem a criação de novos aviões reforçam a parceria entre a Embraer e a Fapesp. 'Este trabalho de pesquisa possibilita ao Estado participar deste momento tão importante para a Embraer, que está entre as quatro maiores fabricantes de aviões do mundo', comemora o presidente da Fapesp, Carlos Vogt. Os resultados e objetivos da parceria Embraer/Fapesp foram anunciados por Vogt durante o Seminário Inovação e Desenvolvimento, promovido pela 'Gazeta Mercantil' junto à Finep, no RJ. Com base no programa de Parceria para Inovação em C&T Aeroespacial (Picta), a Fapesp já aprovou três projetos entre a Embraer e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e outro em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Picta funciona nos mesmos moldes do programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite), que financia projetos entre Universidades, institutos de pesquisa e empresas. 'A relação com a Embraer é importante porque mostra uma empresa que disputa mercados internacionais e encontra apoio para suas atividades de pesquisa no próprio país', diz Vogt. O primeiro projeto, iniciado em junho de 2001, prevê a construção de um laboratório de ensaios aerodinâmicos, chamado de túnel do vento, no ITA, em São José dos Campos, além da modernização do túnel de vento já existente no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), na mesma cidade, e novos equipamentos para o túnel da Universidade de SP (USP), em São Carlos. O projeto contou com financiamentos da Fapesp - R$ 1,89 milhão e US$ 948 mil - e da Embraer - R$ 3,7 milhões. PERFIL AERODINÂMICO O segundo projeto anunciado por Vogt também está associado às simulações de escoamento do ar para definição do perfil aerodinâmico de novas aeronaves. Porém, além dos túneis do vento, a ferramenta utilizada é a mecânica dos fluidos computacional (Computational Fluid Dynamics, CFD). Esse sistema é uma sofisticada ferramenta que permite fazer simulações numéricas dos escoamentos em torno do avião. 'Na Embraer, a CFD será uma ferramenta voltada principalmente para a fase de concepção de novos aviões. No túnel de vento e nos ensaios de vôo buscaremos comprovar as tendências obtidas pelas simulações em CFD', comenta Guilherme Lara de Oliveira, engenheiro da Embraer e um dos coordenadores do projeto, onde foram investidos R$ 1,6 milhão e US$ 1,1 milhão pela Fapesp, além de R$ 3,5 milhões e US$ 105 mil pela Embraer. O terceiro projeto prevê o desenvolvimento de uma tecnologia que otimizará os ensaios em vôos para certificação dos aviões da Embraer. Trata-se de um sistema de DGPS (Diferencial Global Positioning System), composto por 24 satélites, que indicam a posição de latitude e longitude. POSICIONAMENTO EM VÔO A nova tecnologia vai permitir que os pilotos recebam, direto na cabine, informações precisas sobre o posicionamento da aeronave. O DGPS é baseado em dois receptores GPS, um no avião e outro em uma base fixa no solo, que corrige os sinais enviados pelos satélites, reduzindo a margem de erro do sistema de 30 para três metros, ou até menos. O projeto, que contou com investimentos da Fapesp - R$ 67 mil e US$ 218 mil - e R$ 583 mil da Embraer, foi iniciado em março deste ano e tem previsão para ser finalizado até setembro de 2003. O quarto e último projeto pretende reduzir, por meio de uma simulação numérica, todos os parâmetros relacionados ao comportamento do avião durante o vôo. Denominado de modelagem dinâmica, o estudo pretende determinar os parâmetros e as derivadas aerodinâmicas de estabilidade e de controle das aeronaves a partir de ensaios em vôo. Por meio desses modelos matemáticos, a Embraer terá em mãos dados de suas aeronaves e poderá reduzir o número de ensaios e acelerar o desenvolvimento de seus projetos aeronáuticos. 'Isso viabilizará uma melhoria, em qualidade e redução de tempo, no projeto de diversos sistemas aeronáuticos, como piloto automático, amortecedor de derrapagem, simulador de vôo e sistemas para aumento de estabilidade', explica Elder Hemerly, professor do ITA e um dos coordenadores do projeto, que contou com investimentos da Fapesp - R$ 121 mil e US$ 195 mil -, e de R$ 908 mil da própria Embraer. (Gazeta Mercantil, 26/7)