São Paulo - Durante o 2º Seminário de Avaliação do Desempenho dos Periódicos Brasileiros no JCR, realizado no dia 16 em São Paulo, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, destacou o interesse da Fundação em acompanhar o desempenho das revistas brasileiras que angariaram mais interesse internacional e aumentaram sua visibilidade.
"Temos interesse em acompanhar o desempenho e desenvolvimento dessas coleções de revistas para saber que ações poderemos realizar no período subseqüente a fim de intensificar esses progressos. Por outro lado, esperamos que o debate ajude a diagnosticar os gargalos e problemas a fim de buscarmos soluções para eles", disse.
Brito Cruz destacou também a importância da internacionalização da ciência brasileira proporcionada pela consolidação das publicações científicas. De acordo com ele, o progresso da ciência ocorre de forma mais intensa quando há diálogo entre os cientistas de várias partes do mundo.
"Quando medimos o impacto das publicações, queremos avaliar a comunicação. Publicar um artigo científico é um ato de comunicação. Uma forma de comunicar aos outros as descobertas e submetê-las à crítica. Gostaria que a ciência feita no Brasil conversasse mais com o mundo. Quanto mais as pessoas inteligentes daqui dialogarem com gente inteligente no mundo, mais a ciência brasileira irá progredir", analisou.
De acordo com Abel Packer, coordenador operacional do SciELO, entre 2007 e 2010 houve um crescimento de 17% dos periódicos publicados pelo programa. A média de crescimento, nesse período, foi de 5% ao ano. Por outro lado, a presença brasileira aumentou quatro vezes entre 2007 e 2008 em uma das principais bases de dados internacionais - a Web of Science-ISI (WoS), na qual se fundamenta o JCR.
"O ingresso de mais periódicos brasileiros na WoS e outras bases de dados importantes contribuíram para que o Brasil subisse para a 13ª posição no ranking mundial de produção científica. Nessa produção, contando artigos e revisões, o peso dos periódicos brasileiros é de 33% do total", disse Packer.
Com 33% o Brasil tem um percentual grande de artigos com fator de impacto publicados em periódicos nacionais em relação a outros países como África do Sul (21%), Índia (17%), China (16%), México (10%) e Espanha (10%).
"No fator de impacto o Brasil não está mal em termos de comparação entre periódicos nacionais. Cerca de 10% dos periódicos têm fator de impacto acima da média em suas respectivas áreas. Nosso desafio é subir para 15% ou 20% dos periódicos com fator de impacto acima da mediana", disse Packer.
Rogério Meneghini, coordenador científico do programa SciELO, destacou que a ciência é um processo cíclico. Segundo ele, a produção científica propriamente dita não é o último passo do processo, do qual fazem parte também a comunicação científica e a discussão informal com os pares. "Publicar é um feito complexo, muito importante, do processo de fazer ciência", afirmou.
De acordo com Meneghini, ao contrário dos países desenvolvidos, onde o número de periódicos está relacionado diretamente aos interesses comerciais, nos países emergentes o número de publicações tem conexão com a necessidade de dar vazão à produção científica.
"No momento da publicação há duas rotas possíveis, a nacional e a internacional. O que estamos discutindo nos últimos anos - e que seguiremos discutindo - é o quanto a publicação brasileira começa a ganhar overlap em relação à produção internacional. Ou seja, em que medida aquilo que publicamos aqui passa a fazer parte do contexto internacional de publicações científicas", disse. (Agência Fapesp)