A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) liberou recursos da ordem de R$ 2,6 milhões para a Universidade de São Paulo (USP) ampliar a sua rede computacional, parte da Internet, criada em 1991 com o nome de USPnet. Hoje, o sistema funciona precariamente em todos os campi, o que resulta em uma instabilidade na maior parte da rede, e em uma degradação dos serviços disponíveis. Com esse recurso, vai ser possível estender o sistema a todos os 500 prédios dos campi da USP, por meio de fibras ópticas, resultando em uma melhoria na qualidade das ligações à rede USPnet. Mas nessa primeira fase os campi de Pirassununga e de Bauru não serão beneficiados, em razão da restrição do financiamento feito pela Fapesp. Atualmente a utilização da USPnet é feita principalmente pelos docentes e alunos de pós-graduação e de graduação que têm bolsas de Iniciação Científica. Futuramente a USP pretende integrar a sua administração à rede USPnet, desativando assim a atual rede Astir de informática. Imre Simon, presidente da Comissão Central de Informática da USP (CCI) diz como será feita a ampliação da rede USPnet.
Jornal da USP - A Fapesp acaba de liberar R$ 2 milhões para que a Universidade possa ampliar a rede USPnet, criada em 1991. Como será feita a ampliação do sistema?
Imre Simon - A USPnet vem operando de uma maneira precária, apesar de estar alcançando todas as Unidades, através de uma rede de fibras ópticas de uma extensão de mais ou menos 70 quilômetros. Mas atualmente o tráfego de informações na rede deixa a desejar em muitos casos, em função da precariedade dos elementos ativos (computadores especializados que dirigem o tráfego de informações). Isto resulta em uma instabilidade na maior parte da rede, e em uma degradação muito grande dos serviços disponíveis. Com esses recursos nós vamos poder estender a rede a todos os 500 edifícios da Universidade, através de fibras ópticas. Outra melhora que vai acontecer nessa ampliação do sistema é que todos os elementos ativos vão ser substituídos por roteadores e chaves ethernet, permitindo assim uma excelente qualidade de ligação à rede. A velocidade das ligações entre o campus da Cidade Universitária, onde está a central da rede, e os outros campi, também será melhorada. Hoje, essas ligações são, na maioria, de 64 Kbps (64 mil bits por segundos). Quando o sistema estiver completamente ampliado essa velocidade vai passar para 2 Mbps (2 milhões de bits por segundo), ou seja, uma melhora da ordem de 30 I vezes, e que vai beneficiar principalmente os campi do interior e as Unidades localizadas fora do campus da capital. Vai ficar mais fácil também ligar computadores através de modem (via Unhas telefônicas) à rede computacional da Universidade. Esse serviço já existe hoje, mas é muito precário, pois temos apenas cerca de 16 modems e a intenção é ampliar o número para 90 modems.
JU - Todos os campi do interior serão beneficiados com a ampliação da rede USPnet?
Imre - Infelizmente, não. Devido as restrições do financiamento da Fapesp nós não podemos fazer essas melhorias nos campi de Pirassununga e Bauru no momento. Mas nós já solicitamos novos financiamentos à Fapesp para complementação do projeto, e esperamos que dentro em breve possamos atingir também esses dois campi. As ligações dos outros campi para a Cidade Universitária são feitas pela Telesp e estas ligações não fazem parte do projeto da Fapesp. No caso de Pirassununga, a empresa não tem condições de ampliar adequadamente esse serviço no momento. Mas apesar disso o campus de Pirassununga vai ter uma melhora, pois atualmente a velocidade do sistema nesse campus é de apenas 9,6 Kbps (9,6 mil bits por segundos) e passará para 64 Kbps (64 mil bits por segundos). Já o campus de Bauru vai ser ligado à rede por 2 Mbps (2 milhões de bits por segundo). O que nós não vamos poder fazer agora nos dois campi é implantar toda a rede de fibras ópticas e colocar todos os elementos ativos necessários. Isso vai ter que ficar para uma segunda etapa, quando esperamos ter aprovada pela Fapesp uma complementação financeira já solicitada.
JU - Quem vai gerenciar toda a ampliação do sistema USPnet na Universidade de São Paulo?
Imre - O gerenciamento da ampliação do sistema vai ser feito em parceria entre as Unidades e os órgãos centrais da Universidade. Cada um terá suas responsabilidades na montagem final da rede USPnet. Mas todo esse processo vai ser coordenado pelo Centro de Computação Eletrônica (CCE) e será gerenciado pela Comissão de Acompanhamento da Implantação da Rede USPnet (Cairu), subordinada à Comissão Central de Informática (CCI). A Cairu, coordenada pelo engenheiro Eduardo Bonilha, vai supervisionar a implantação da espinha dorsal do sistema, sob a responsabilidade dos órgãos centrais, e orientar as Unidades para que elas possam implantar as suas redes locais. Ou seja, os órgãos centrais farão a implantação da rede até a parte externa do prédio. A complementação do sistema no interior do prédio é de responsabilidade da direção da Unidade. Para garantir o funcionamento do sistema dentro das Unidades, todos os projetos e a execução de redes locais têm que ser homologados pelo CCE.
JU - Os serviços a serem realizados pela direção das Unidades têm um custo elevado? Com que recursos elas farão esse trabalho?
Imre - A instalação de uma rede local em um prédio custa em torno de R$ 30 mil. Já o custo dos computadores usados dentro do prédio vai depender do número de equipamentos necessários em cada Unidade. Evidentemente quanto mais sofisticados forem os computadores, maiores serão os custos. Esses computadores podem ser desde um simples PC até uma sofisticada estação de trabalho ou mesmo um supercomputador. Os recursos para essas finalidades poderão ser obtidos junto as agências de financiamento como a Fapesp, o CNPq e a Finep, como já fizeram algumas Unidades. Existe também um programa de fomento dentro da USP, na área de informática, voltado para a interconexão à rede USPnet.
JU - A USPnet foi criada em 1991, mas somente em 1993 a rede recebeu um grande impulso, com a instalação de 70 quilômetros de fibras ópticas. Agora, com a ampliação da rede, quantos quilômetros de fibras ópticas serão implantados a mais?
Imre - Em uma primeira fase nós vamos instalar cerca de 80 quilômetros de fibras ópticas e esperamos em breve atingir os campi de Pirassununga e Bauru, com a implantação de mais 20 quilômetros de fibras ópticas.
JU - Quem usa a USPnet na Universidade de São Paulo?
Imre - No momento quem usa mais são os docentes, os alunos de pós-graduação, e os de graduação que têm bolsas de estudos de Iniciação Científica. A Universidade também têm projetos para integrar a sua administração à USPnet.
Existem várias formas de utilização da rede e a mais corriqueira é o Correio Eletrônico. Então, quem está ligado à rede está em condições de trocar mensagens com qualquer outro usuário da rede Internet no mundo inteiro. Existem outros serviços muito importantes como o FTP (transferência de arquivos). Ele permite transferir para a USP um arquivo de uma universidade como a de Paris, por exemplo. Outro serviço disponível na Internet é o "News" (notícias). Existem milhares de grupos de notícias dedicados a assuntos específicos, como se fosse um mural eletrônico, que alcança o mundo inteiro sobre um determinado assunto. Em geral as pessoas acompanham os grupos que lhes despertam interesse, recebendo e enviando notícias. Finalmente nós temos o W.W.W (World Wide Web -têia mundial), serviço que começou a proliferar há cerca de três anos e está tendo um crescimento muito grande. Qualquer usuário da Internet tem acesso a todas as informações no mundo inteiro, através de uma interface gráfica chamada "netscape" ou "mosaic". Nós acreditamos que a disponibilidade desses serviços da rede vai acabar sendo um fator de modernização de toda a Universidade, pois vai permitir que a USP participe dessa verdadeira revolução cultural que está ocorrendo no mundo inteiro, através da Internet. Acreditamos que isso vai resultar em uma melhora substancial qualitativa e quantitativa de todas as atividades da USP, como ensino, pesquisa, extensão e administração.
JU - Qual o custo das ligações e da manutenção dos equipamentos da USPnet na Universidade?
Imre - Esse custo é muito difícil de calcular. O custo de manutenção dos equipamentos nas Unidades é de responsabilidade dos seus diretores, que recebem anualmente uma linha orçamentária para esse fim.No que se refere ao custo das ligações nacionais e internacionais eles estão repartidos entre as universidades e os órgãos financiadores de pesquisa no Brasil. Cada um se responsabiliza pela sua parte da ligação. Por exemplo: a Fapesp absorve os custos das ligações de toda a comunidade do estado de São Paulo para o mundo exterior. Todo o tráfego de ligações internacionais passa pela Fapesp. Dentro da USP, os custos das ligações são absolvidos pela Universidade, por meio dos órgãos centrais. O aspecto mais importante desse esquema é que o usuário final não arca com nenhum custo de comunicação para usar o sistema, quer ele troque informações com o seu vizinho de sala, quer com alguém na Europa ou no Japão. Esse fenômeno de zerar as distâncias é uma das características mais marcantes da Internet.
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