Repositório feito em parceria da USP com hospitais Einstein e Sírio Libanês e Grupo Fleury traz também informações anônimas de 1,6 milhão de exames de coronavírus e 6.500 dados de desfecho para subsidiar pesquisas sobre a doença
SÃO PAULO - Um repositório com dados abertos de 75 mil pacientes que tiveram covid-19 no Brasil, de 1,6 milhões de exames de coronavírus e de 6.500 desfechos clínicos foi lançado nesta quarta-feira, 17, com o objetivo de subsidiar pesquisas sobre a doença.
A iniciativa, encabeçada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi possível a partir de uma parceria entre a USP, os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês e o Grupo Fleury. As instituições privadas forneceram, de forma anônima, as informações de exames e de atendimentos de pacientes feitos desde o início da pandemia e a universidade entrou com a plataforma da base de dados.
Num primeiro momento, as informações estarão disponíveis de modo piloto para alguns usuários checarem os dados e darem sugestões de melhorias e a partir de 1º de julho estará aberto para todos os cientistas.
De acordo com Luiz Eugênio Mello, diretor científico da Fapesp, o repositório Covid-19 Data Sharing/BR torna públicos dados que, de outra forma, não seriam disponibilizados de modo conjunto. Em entrevista coletiva online à imprensa, Mello afirmou que os dados podem contribuir para trazer novos entendimentos sobre a epidemia, especialmente sobre as particularidades do País.
"Esses dados embasam situações do nosso meio e vão ajudar a resolver problemas da nossa sociedade, do nosso sistema de saúde", afirmou Edgar Rizzatti, Diretor Executivo Médico do Grupo Fleury. Para Luiz Fernando Lima Reis, diretor de Ensino e Pesquisa do Sírio.
"A parceria inaugura um novo processo na geração de conhecimento através do compartilhamento de dados e abre desafios da continuidade, trazendo eventualmente novos contribuintes à plataforma", disse Reis.
"A pesquisa é um esporte coletivo. O único jeito de fazer pesquisa boa é em colaboração. E sabemos que o conhecimento é o maior inimigo da doença. Nossa preocupação é que esse conhecimento possa trazer soluções para a melhora da vida dos pacientes", complementou Luiz Vicente Rizzo, Diretor-superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein.
A plataforma terá diversas informações sobre os pacientes (como sexo, idade, município, data de admissão), a evolução (ou desfecho) que a doença teve (se a pessoa foi internada, foi para a UTI, se veio a óbito, por exemplo) e os resultados dos exames feitos para a detecção do vírus, tanto de PCR (que detecta geneticamente a presença do coronavírus) quanto o sorológico (que mostra se a pessoa já foi infectada em algum momento).
A expectativa é ter atualizações semanais com dados de novos pacientes dos três parceiros e a inclusão, com o tempo, de informações sobre a pandemia de outras instituições públicas e privadas. Por enquanto, por exemplo, nem mesmo os dados de testes feitos pela USP ou os atendimentos do Hospital das Clínicas foram adotados.