Depois de adquirir uma área de cerca de 40 mil metros quadrados da Universidade de São Paulo (USP) em janeiro de 1997, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) abre licitação em maio para a construção de sua nova sede.
O aumento do número de processos de projetos de pesquisa e bolsas nos últimos quatro anos obrigou a Fapesp a idealizar uma nova sede, com fácil acesso às três universidades estaduais paulistas, a USP, a Unicamp e a Unesp. A escolha recaiu sobre uma área de 39.837 melros quadrados às margens do rio Pinheiros, pertencente à USP. Foram investidos na época R$ 8.651.000,00 na compra do terreno que começa na marginal do rio Pinheiros e contorna as avenidas Escola Politécnica e Torres de Oliveira. O novo prédio deverá estar concluído em 2001, terá área construída de 16 mil metros quadrados e ainda sobrará bastante espaço para que a fundação possa ser ampliada quando for necessário. Do total de quase 40 mil metros quadrados, 24 mil já estão disponibilizados para a construção. O complemento da área será liberado em 2003, pois foi cedido em comodato à Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Francisco Romeu Landi, diretor-presidente da Fapesp e ex-diretor da Escola Politécnica da USP, disse que a atual sede, na rua Pio XI, nº 1500, no Alto da Lapa, já vem apresentando problemas de espaço há alguns anos. Aliás, é possível ver em quase todos os andares do prédio armários e mesas pelos corredores, além das visíveis adaptações de áreas.
Nos últimos quatro anos a Fapesp teve o número de processos de projetos de pesquisa e bolsas ampliado de 3 mil para 15 mil por ano. O volume de documentos foi tão significativo no período que a instituição contratou uma empresa especializada para cuidar do seu arquivo morto, que contém aproximadamente 20 milhões de folhas. Além do aumento do número de processos e de pessoas houve o crescimento da rede ANSP (Academic Network at São Paulo), a Internet acadêmica. A falta de espaço impossibilita a criação de um centro de documentação e informação e a centralização da biblioteca virtual. A Fapesp expandiu ainda as informações para os pesquisadores que buscam o banco de dados do ISI, o Institute for Scientific Information. Com isso, todo o sistema ficou congestionado e carente de mais espaço.
Recursos garantidos
Com um orçamento de R$ 190 milhões para este ano, a Fapesp sempre consegue superar as crises financeiras, pois, além dessa receita, possui um fundo que se vem formando desde 1960, quando a fundação foi regulamentada. No ano passado, por exemplo, a Fapesp aplicou R$ 250 milhões em projetos de pesquisa e bolsas, soma que resultou da receita do orçamento de 1998 e parte do dinheiro do fundo. Este ano o investimento em projetos de pesquisa e bolsas está estimado entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, recurso orçamentário que será complementado pelo fundo.
De acordo com Francisco Landi, o orçamento anual da Fapesp é calculado em 1% das receitas tributárias do Estado. Além disso, há os rendimentos financeiros do fundo, que são da ordem de R$ 150 milhões por ano, receita que também é aplicada no sistema. "É uma receita importante, com a grande vantagem de ser constante ao longo dos anos. É possível planejar e o pesquisador sabe que o recurso de que ele precisa estará disponível no dia certo. Mesmo com a situação difícil pela qual passa o Estado, o governador Mário Covas nunca deixou de repassar os recursos da Fapesp. E, se por qualquer razão houver um atraso do repasse, o fundo possui recursos para compensá-lo financeiramente. Em uma situação como esta, por exemplo, o que pode acontecer é deixar de iniciar novas pesquisas, mas não haverá interrupção dos trabalhos em andamento. Isto é uma tranqüilidade para os pesquisadores."
O começo em 1947
O embrião da Fapesp surgiu com a Constituição do Estado de São Paulo em 1947, mas a fundação só foi criada em 1960, quando a lei foi regulamentada. Liderados pelos cientistas Adriano Marchini e João Luiz Meiller, ambos professores da Escola Politécnica da USP, os pesquisadores conseguiram incluir na Constituição de 1947 o artigo 123, que propõe a criação de uma fundação para a pesquisa e que o Estado destine à instituição 0,5% das receitas tributárias. Em 1960 o então governador Carvalho Pinto regulamentou a lei de criação da Fapesp, que começou a funcionar nas dependências da Faculdade de Medicina da USP. Posteriormente, a fundação se mudou para uma sede própria na avenida Paulista e depois para a atual, na rua Pio XI. Hoje, a antiga sede da avenida Paulista está alugada e foi integrada ao patrimônio da fundação, destino previsto para o prédio da rua Pio XI quando a nova sede for concluída.
Notícia
Jornal da USP