São Paulo Fundação negocia apoio do governo federal e da iniciativa privada. Um amplo projeto destinado ao estudo do clima e dos recursos hídricos no Estado é uma das principais iniciativas que o novo presidente da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Vogt, espera desenvolver no mandato que está começando agora. Trata-se de um sistema integrado de hidrometeorologia que envolve a criação de uma rede para observação e monitoramento do clima e dos recursos hídricos no Estado.
O projeto está orçado em aproximadamente US$ 15 milhões, entre infra-estrutura e equipamentos, e já conta com o incentivo do secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Ruy Altenfelder. Além da Fundação, Vogt acredita que os investimentos terão participação também dos governos estadual e federal.
"A Fapesp está disposta a participar da execução do projeto", afirmou Vogt, que assumiu o cargo oficialmente ontem e já está em negociação com executivos do governo em Brasília e com os secretários estaduais de Meio Ambiente e da Agricultura.
Fundada em 1962, a Fapesp é uma das principais entidades públicas de fomento à pesquisa científica e tecnológica do País. A fundação recebe 1% do orçamento fiscal do governo estadual e também utiliza recursos próprios para investimento em projetos especiais. "Esse percentual é bom quando a economia vai bem, pois se há retração, o repasse também diminui", lembrou o professor.
O presidente da Assembléia Legislativa, Walter Feldman, assumiu o compromisso de que os recursos para a entidade serão repassados com regularidade. "Isso nos deixa mais tranqüilos", diz Vogt.
Em 2001, a Fapesp recebeu R$ 271,4 milhões do governo estadual. A fundação desembolsou R$ 125,9 milhões em recursos próprios, o que totalizou um gasto efetivo de R$ 397,3 milhões da entidade. Somados aos R$ 202,2 milhões provisionados para exercícios futuros, referentes ao pagamento de bolsas de estudo em andamento, a instituição investiu R$ 599,5 milhões ano passado. Os investimentos realizados em 2000 totalizaram R$ 550 milhões. Para este ano, a previsão de Vogt é pelo menos repetir o mesmo investimento feito no ano passado.
Do total aplicado em 2001, R$ 311 milhões foram destinados a bolsas de estudo (somando-se o provisionamento). Esse valor chega a ser quase o triplo do investido há cinco anos. "Enquanto as agências federais reduzem o investimento à pesquisa em São Paulo, a Fapesp aumentou o desembolso", disse Vogt. Em 1997, foram concedidas 6.146 bolsas de estudo. Já em 2001 esse número caiu para 4.030, mas, segundo a Fapesp, foram contabilizadas somente as concessões iniciais.
De acordo com Vogt, 35% do orçamento é destinado à concessão de bolsas de estudo para pesquisas, mestrados e doutorados. O regulamento, segundo o professor, é não ultrapassar 30%, mas a expectativa é de que o percentual não será reduzido. Uma área que merecerá atenção especial será de concessão de bolsas para mídia e comunicação. Atualmente, a Fapesp desenvolve 20 programas especiais. Um dos mais importantes é projeto Genoma, no qual a entidade já desembolsou mais de R$ 90 milhões.
INVESTIMENTOS DA FAPESP
Alguns dos principais projetos de pesquisa financiados pela Fundação:
- Genoma Xylella fastidiosa
Resultado: completou, em Janeiro de 2000, o seqüenciamento genético da bactéria, causadora da praga do amarelinho.
Investimento: US$ 13 milhões.
- Genoma Xanthomonas
Resultado: conduto, em maio de 2002, o seqüenciamento comparativo das bactérias Xanthomonas Citri e Xanthomonas campestri, prejudiciais à citricultura.
Investimento: R$ 2,2 milhões.
- Genoma Humano do Câncer
Objetivo: seqüenciar genes de tumores de alta incidência no Brasil.
Investimento: R$ 10 milhões.
- Genoma Clínico
Objetivo: desenvolver novas formas de diagnóstico e tratamento do câncer.
Investimento: US$ 1 milhão.
Fonte: Fapesp
Notícia
Gazeta Mercantil