A Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) quer consolidar uma ponte permanente entre empresas nacionais e institutos de pesquisas, para evitar o vazamento de tecnologia e de material biológico para o exterior.
"No cenário da economia globalizada, é cada vez mais incerto e inseguro o futuro dos países exportadores de matéria-prima". afirma Carlos Vogt, professor da Unicamp e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa Cientifica (SBPC). Para ele, a transformação do conhecimento em valores agregados é o único caminho para a competitividade dos produtos nacionais no mercado externo. "Para isso é necessário intensificar a cultura do registro de patentes de nossas descobertas cientificas", afirma.
Esse é um dos objetivos do CAT (Centro de Toxinologia Aplicada ). uma organização institucional sediada no Instituto Butantã, em São Paulo, capital, que faz parte do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid). criado pela Fapesp. A geração de patentes, assim como o desenvolvimento de derivados químicos com propriedades farmocinéticas e pesquisas pré-clinicas e clínicas, serão estimuladas em parceria com um consórcio de indústrias farmacêuticas nacionais (Coinfar).
Para Antonio Carlos Martins Camargo, medico e diretor do Cepid. o apoio às patentes e às inovações permitiria reduzir importações de produtos e tecnologias. Segundo dados Fapesp. o número de trabalhos patenteados no Brasil é muito inferior à produção das universidades e instituições. "Seguimos exportando inovações a fundo perdido, sem nenhuma proteção de patente"', afirma Camargo.
Um caso clássico é o captopril, medicamento usado no combate à hipertensão, derivado de pesquisas brasileiras feitas com peçonha de jararaca. Não rendeu nenhum centavo ao País. mas os laboratórios norte-americanos faturam com ele, anualmente, entre US$ 2 bilhões e 5 bilhões.
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Gazeta Mercantil