Fapesp aprova plataforma de ingredientes sustentáveis do Ital Objetivo é reduzir importação de ingredientes e reaproveitar subprodutos do agronegócio. Objetivo é reduzir dependência da importação de ingredientes e reaproveitar subprodutos do agronegócio
O Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) anunciou, ontem, a aprovação da Fapesp para a Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis (PBIS), que receberá investimento público-privado de R$ 6,7 milhões até 2025.
Alinhada aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, a proposta visa integrar sistemas produtivos e aplicar processos biotecnológicos sustentáveis para produção de alimentos usando matérias-primas nacionais e aproveitando subprodutos da agroindústria.
Diversos órgãos de pesquisa, universidades, cooperativas e empresas privadas estão ligados ao PBIS. Além dele, o mesmo edital da Fapesp também aprovou outro projeto liderado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) dedicado a biotecnologia em citros, cana e café.
Os dois núcleos somam R$ 69,6 milhões em investimentos, sendo R$ 7,240 milhões da Fapesp, R$ 8,47 da iniciativa privada e R$ 53,89 milhões do Estado, incluindo infraestrutura e salários.
Já o Instituto de Pesca (IP), também vinculado à APTA, participa do NPOP sediado pela Universidade de São Paulo (USP) com a temática Pescado para Saúde, com financiamento de R$ 3,6 milhões da Fapesp, R$ 6 milhões da iniciativa privada e R$ 14,2 milhões do Estado, incluindo infraestrutura e salários.
Agile
As equipes de profissionais e pesquisadores envolvidas nos projetos passaram pelo treinamento de 120 horas em gestão ágil ao longo de seis meses, em que aprenderam sobre as metodologias Design Thinking, MVP (Mínimo Produto Viável) e Scrum.
Durante a capacitação, foram ainda definidos valores, visão, identidade e missão e elaborado o regimento interno de cada núcleo em conjunto com as empresas parceiras.
“É um modelo que envolve governo, pesquisa pública e iniciativa privada, o que tem gerado resultados mais eficientes e rápidos. O setor privado envolvido será beneficiado por estar perto do conhecimento e integrar o comitê executivo e estratégico que direciona as pesquisas”, explica a gestora executiva da PBIS, Gisele Camargo, diretora de Programação de Pesquisa e vice-diretora do Ital.
Segundo ela, tudo foi pensando para gerar tecnologias, produtos e processos que tragam maior competitividade para as indústrias que atuam no setor de alimentos e bebidas, de forma que possam gerar resultados para o País como emprego e renda.
A pesquisadora responsável pela PBIS, Maria Teresa Bertoldo Pacheco, que atua no Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos (CCQA) do Ital, considera as aprovações um marco na virada do modelo de pesquisa no Brasil.
“A Fapesp foi inovadora nesse arranjo pois permite às indústrias pinçar da academia e dos institutos os conhecimentos que consideram importantes para seu crescimento, diferencial de mercado e atendimento aos anseios dos consumidores”, avalia.
Para ela, o arranjo proposto vai ser o fio condutor para construção de uma mentalidade inovadora, com troca de conhecimento e experiências. “Trata-se de uma oportunidade de externar as expertises dos pesquisadores dos institutos e de aprender novas tecnologias e métodos de trabalho, além da troca de experiências e networking”, completa.
Motivação
A PBIS foi concebida para atender à tendência mundial da indústria de alimentos em oferecer praticidade, indulgência e ao mesmo tempo nutrição com benefícios à saúde, considerando o crescimento da população e da urbanização com consequente aumento do consumo de alimentos de industrializados.
Também foi levado em conta a falta de acessibilidade da indústria brasileira a tecnologias dominadas por um número reduzido de multinacionais, responsáveis pela maior parte dos ingredientes disponíveis no Brasil.
Segundo a pesquisadora responsável pela PBIS, Maria Teresa, o Ital destinará 268 m2 de área física com apoio técnico e administrativo para a realização e desenvolvimento das diferentes plataformas biotecnológicas envolvidas no projeto.
“Acreditamos que tanto os pesquisadores quanto as instituições terão maior reconhecimento e projeção nacional e internacional, ocupando lugar de destaque no cenário atual de inovação. Do ponto de vista de recursos humanos, serão abertas novas oportunidades de trabalho através de bolsas, inclusive de pós-graduação vinculadas ao Ital e às universidades”, finaliza.