Notícia

Folha de Londrina

Falta verba para pesquisa

Publicado em 21 agosto 2003

Por Eduardo Di Mauro
O Paraná é muitas vezes visto como um estado privilegiado entre os demais. Porém, isto não ocorre quando se trata da pesquisa científica. Vejamos alguns dados, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) da Região Sul é aproximadamente 18% do PIB brasileiro, enquanto a produção científica não chega a 15%, estando a maior parte desta no Rio Grande do Sul (aproximadamente 43%). Quanto ao item bolsa produtividade fornecida pelo CNPq. os paranaenses ficam com apenas 24% das bolsas na Região Sul, enquanto os gaúchos com 57%. sendo que o PIB do Paraná e Rio Grande do Sul são praticamente iguais. O Paraná apresenta desenvolvimento científico incompatível com a capacidade produtiva. Seria falta de competência da comunidade científica paranaense? Não é o caso. Estão na Região Sul 24% dos grupos de pesquisa do país. sendo que um terço destes no Paraná. Então, o que está acontecendo? A resposta é simples: falta recurso! As universidades paranaenses sempre receberam poucos recursos federais e quase nenhum recurso estadual para suas pesquisas científicas. A maior parte dos recursos federais vão para a Região Sudeste, responsável por 70% da produção científica no Brasil, porém com um PIB de 57%. As universidades paranaenses carecem de infra-estrutura básica para suas pesquisas; o espaço físico é insuficiente e inadequado; têm poucos equipamentos e bibliotecas desatualizadas; e uma série de outras questões que precisam urgentemente de solução. Como solucionar esses problemas? No cenário atual, não há dúvida que as instituições estaduais de fomento têm papel decisivo no financiamento das pesquisas nos estados. Assim, a Fundação Araucária necessita de recursos regulares e suficientes para financiar a pesquisa no Paraná. Quanto aos recursos destinados pelo estado aos chamados "projetos estratégicos", eles seriam melhor gerenciados pela própria Fundação Araucária, pois esta poder vir a funcionar nos moldes da eficiente FAPESP elogiada no Brasil e também no exterior. Mas, seja qual for a decisão administrativa tomada pelo governo estadual, o importante é que os recursos cheguem de fato a seu destino e possam solucionar a questão, que é gravíssima e urgente. Nossas universidades e instituições de pesquisa encontram-se em situação de penúria e indecisão, o que provoca o desânimo da comunidade científica paranaense. EDUARDO Dl MAURO é físico, professor doutor e vice-reitor da UEL em Londrina