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Falta de vitamina D aumenta risco de incapacidade funcional em homens, diz pesquisa da UFSCar (37 notícias)

Publicado em 28 de junho de 2022

Por G1 São Carlos e Araraquara

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) identificou a relação entre os baixos níveis sanguíneos de vitamina D e o risco de desenvolver incapacidade funcional em atividades instrumentais de vida diária (AIVD) em homens. O resultado do estudo foi publicado na revista Nutrients.

A pesquisa de Mariane Marques Luiz, atual doutoranda em Fisioterapia pela UFSCar, acompanhou e avaliou mais de 4 mil pessoas, entre homens e mulheres na Inglaterra.

Os resultados comprovaram que não foi encontrada nenhuma associação entre deficiência de vitamina D e incidência de incapacidade em AIVD para mulheres. No entanto, a deficiência de vitamina D aumentou em 43% o risco de desenvolver incapacidade em homens.

As AIVD são atividades cotidianas que exigem um maior nível de complexidade e atenção durante a execução, como, por exemplo, as atividades domésticas, o gerenciamento de finanças, capacidade de utilizar meios de transporte e de comunicação.

Como foi feito o estudo

Foram acompanhadas por quatro anos e avaliadas 4.768 pessoas com 50 anos ou mais, participantes do Estudo English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), na Inglaterra, que não apresentavam dificuldade em nenhuma das seguintes AIVDs:

  • gerenciar finanças;
  • utilizar meios de transporte;
  • fazer compras;
  • preparar refeições;
  • usar telefone/meios de comunição;
  • gerenciar medicamentos
  • realizar tarefas domésticas.

Os níveis de vitamina D no sangue foram classificados como suficiente, insuficiente ou deficiente e tiveram outras informações coletadas como dados socioeconômicos, hábitos de vida e condições de saúde.

Depois de quatro anos de acompanhamento, as pessoas foram reavaliadas para verificar se houve o desenvolvimento de dificuldade para realizar uma ou mais das AIVD.

De acordo com a pesquisadora, não foi encontrada nenhuma associação entre deficiência de vitamina D e incidência de incapacidade em AIVD para mulheres. No entanto, a deficiência de vitamina D aumentou em 43% o risco de desenvolver incapacidade em homens.

O orientador do estudo, Tiago da Silva Alexandre, explicou que a vitamina D possui uma ação importante para o funcionamento dos músculos.

"Quando seus níveis estão baixos, leva à fraqueza e atrofia muscular, o que compromete o desempenho nas atividades cotidianas, repercutindo em dificuldade nas AIVD. A vitamina D desempenha uma ação protetora no sistema nervoso central e há evidências de que a sua deficiência favorece o declínio cognitivo, o que pode explicar o pior desempenho nas AIVD, uma vez que se tratam de atividades que precisam da capacidade cognitiva preservada", disse.

Resultados

Os pesquisadores sugerem que os resultados encontrados apenas para os homens possivelmente ocorrem devido à associação entre vitamina D e a testosterona.

"Os homens sofrem uma maior atrofia das fibras musculares do que as mulheres devido à redução dos níveis de testosterona com o envelhecimento. Uma vez que a vitamina D contribui para a produção de testosterona, a sua deficiência pode intensificar a atrofia muscular nestes indivíduos", relatam.

Os pesquisadores acrescentam que a testosterona tem um efeito protetor sobre a capacidade cognitiva e a redução de seus níveis, que é intensificada pela deficiência de vitamina D, pode favorecer o declínio cognitivo mais precocemente em homens. "Assim, o pior desempenho muscular e cognitivo nestes indivíduos pode estar associado à incapacidade em AIVD", explicaram Mariane Luiz e Tiago Alexandre.

A pesquisa concluiu que a deficiência de vitamina D representa um indicador precoce do comprometimento funcional em idosos e os autores reforçam que essa deficiência é uma condição modificável.

Além disso, destacam que o monitoramento dos níveis de vitamina D pode ser uma estratégia para prevenir a dificuldade nas AIVD e impedir o desenvolvimento de incapacidade em idosos.

Os pesquisadores também alertam que os resultados encontrados podem ser semelhantes no cenário brasileiro e que a avaliação dos níveis de vitamina D deve ser realizada através da mensuração das concentrações de 25-Hidroxivitamina D (25OHD) no sangue.

Apesar da principal fonte de vitamina D ser a exposição ao sol, quando seus níveis estão deficientes, a suplementação de vitamina D deve ser uma estratégia de tratamento, precisando ser prescrita somente por nutricionistas e médicos.