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Falta de melatonina na gestação predispõe ao desenvolvimento de diabetes, sugere estudo

Publicado em 14 abril 2021

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) descobriram uma importante função do hormônio melatonina no período gestacional: após o parto, ele ajuda a regularizar o funcionamento do pâncreas, que tem a produção de insulina aumentada durante a gravidez.

De acordo com um estudo publicado pelo grupo noJournal of Pineal Research, a falta de melatonina prejudica o remodelamento pancreático pós-gestacional e pode causar diabetes no futuro.

A pesquisa foi conduzida pela bolsista FAPESP de pós-doutorado Patrícia Rodrigues Lourenço Gomes , sob a supervisão do professor José Cipolla Neto , do ICB-USP.

A equipe fez testes com quatro grupos de animais: ratas prenhas saudáveis (grupo controle); ratas sem a glândula pineal (estrutura responsável pela produção de melatonina) que não foram suplementadas; ratas sem a glândula e que receberam doses subfisiológicas do hormônio (em concentração menor do que a esperada na gravidez) e ratas sem a glândula suplementadas com doses fisiológicas do hormônio.

“Nos animais sem melatonina e sem suplementação, o pâncreas não voltou ao estado fisiológico [normal] após o parto e manteve uma alta produção de insulina. Se isso não for revertido, a longo prazo as células beta entram em falência, o que caracteriza o início da diabetes tipo 2”, explica Gomes, em entrevista à Assessoria de Comunicação do ICB-USP.

A melatonina, também conhecida como o “hormônio do sono”, é importante para gerir todos os ritmos biológicos do organismo e é sintetizada e secretada exclusivamente na ausência de luz. Na gestação, o pâncreas tem a sua atividade aumentada para equilibrar os níveis de glicose no sangue tanto para a mãe quanto para o feto. A melatonina é fundamental nesse processo. Por isso, nos animais com deficiência desse hormônio, a secreção de insulina estava muito aumentada e não voltou às condições normais após o parto.

A hipótese do grupo é que mulheres grávidas com deficiência na glândula pineal ou que trabalham em turnos noturnos e por isso têm a secreção de melatonina prejudicada correm o risco de ter uma elevada produção de insulina e futuramente desenvolver diabetes.

Segundo a pesquisadora, ainda é possível que a ausência de melatonina durante a gravidez também influencie no desenvolvimento do feto. “O excesso de insulina durante a gestação sinaliza para o organismo da mãe que ele precisa captar mais glicose. Ao fazer isso, o organismo diminui o fornecimento de glicose, reduzindo o substrato energético que fará o feto se desenvolver normalmente”, comenta.

No experimento, contudo, não foi observado nenhum prejuízo aos filhotes logo após o nascimento. A próxima etapa do trabalho será investigar os efeitos na prole a longo prazo.

*Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP.

Fonte: Agência Fapesp | Portal da Enfermagem

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