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Extrato de pariparoba terá uso comercial (1 notícias)

Publicado em 24 de novembro de 2004

Não é um fato trivial, como fez questão de lembrar Carlos Vogt, presidente da Fapesp. Nesta terça, na Sala do Conselho Universitário da USP, ocorreu a assinatura do contrato de licenciamento do pedido de patente pelo uso do extrato da planta pariparoba. Pelo contrato, a USP e a Fapesp, responsáveis pela descoberta científica, cedem por 30 meses o conhecimento gerado no laboratório para a iniciativa privada. No caso, a empresa de cosméticos Natura. Desenvolvida no laboratório da professora Sílvia Berlanga de Moraes Barros, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, a tese de doutorado da pesquisadora Cristina Ropke é que revelou propriedades importantes da pariparoba. A planta arbustiva da Mata Atlântica brasileira mostrou ter propriedades que podem proteger a pele humana contra os raios ultravioleta. E isso, ainda mais com o embasamento científico obtido, interessou bastante a iniciativa privada. "Esse acordo de licenciamento é muito importante para todos os envolvidos. Ele tem características fundadoras" disse Vogt durante a assinatura do contrato. Pelo que foi estabelecido, a empresa vai pagar pelo uso desse conhecimento e os recursos oriundos desse acordo serão divididos meio a meio entre a USP, geradora do conhecimento, e a Fapesp, financiadora do projeto de pesquisa. Segundo o presidente da Fapesp, a fundação, por meio dos mecanismos de gestão de processos já criados, pretende cada vez mais agilizar parcerias como essas. "Agora temos uma espécie de protocolo consagrado", afirmou. A escolha da empresa Natura se deu a partir de uma licitação pública. Esse é o sétimo processo nesses moldes feitos pela USP. Segundo a professora Silvia, que resolveu que era o momento certo de se procurar um parceiro privado quando percebeu a importância da descoberta científica, isso tudo foi feito como uma forma de proteção. "O pedido de patente, e esse acordo, tem como objetivo trazer garantias para a pesquisa brasileira, para o conhecimento gerado na universidade", disse Silvia à 'Agência Fapesp'. A expectativa da cientista da USP é que a partir desse processo, e do aprendizado que ele gerou inclusive do ponto de vista burocrático, novas parcerias entre a iniciativa privada e a universidade possam ocorrer. "O caminho está aberto. No meu caso, inclusive, a boa aceitação dos meus alunos em participar desse processo pode ser considerada fundamental para que o final tenha sido feliz", disse. (Agência Fapesp, 24/11)