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Experimentos tentam descobrir como florestas reagem ao aumento de CO2 na atmosfera

Publicado em 10 janeiro 2020

Por André Julião | Agência FAPESP

Em uma área florestal ao norte de Manaus, no Amazonas, seis conjuntos de torres vão monitorar, 24 horas por dia, as condições da atmosfera e do solo na maior floresta tropical do mundo. Cerca de 8 mil quilômetros dali, em uma propriedade próxima de Birmingham, na Inglaterra, torres muito parecidas já efetuam o mesmo tipo de medida. Os experimentos buscam descobrir como as florestas tropical e temperada responderiam a um cenário em que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera fosse 50% maior.

Para isso, tanques com 50 toneladas de CO2 foram acoplados às torres que integram o projeto FACE (sigla em inglês para Free-Air CO2 Enrichment). No AmazonFACE, o experimento da Amazônia, o gás será bombeado por 16 torres de 30 metros de altura – que ultrapassam a copa das árvores – em seis trechos de floresta, enquanto uma outra torre no centro, dotada de instrumentação científica, faz as medições. A configuração é a mesma no BIFoR FACE, em Birmingham. Espera-se, com os dados obtidos, subsidiar a tomada de decisões para mitigar ou mesmo evitar os impactos da elevação do CO2 atmosférico.

“A capacidade da floresta amazônica de absorver carbono foi reduzida em 30% desde os anos 1990. O cenário que prevíamos para 2050, portanto, deve acontecer muito mais cedo e a Amazônia vai se tornar neutra em carbono ou mesmo se tornar uma fonte emissora de CO2. Com o AmazonFACE buscamos entender como o aumento de dióxido de carbono afeta o funcionamento e a resiliência da floresta amazônica”, disse David Montenegro Lapola, professor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Lapola apresentou o projeto, apoiado no âmbito do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, durante o workshop FAPESP-Birmingham, em dezembro.

“A FAPESP vem colaborando com a Universidade de Birmingham desde 2010. Este é um momento tanto de celebrar o sucesso da parceria como de vislumbrar formas de obter novos resultados e oportunidades”, disse Roberto Marcondes Cesar Júnior, membro da coordenação do Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP, durante a abertura do evento.

“A ideia do encontro é apresentar os projetos em andamento, em diferentes áreas do conhecimento, conduzidos em conjunto por pesquisadores de São Paulo e da Universidade de Birmingham. Nosso objetivo é que novas parcerias possam ser criadas para pesquisas executadas nos dois países”, disse à Agência FAPESP Robin Mason, pró-reitor de internacionalização da Universidade de Birmingham (UoB).