Notícia

Jornal da Unesp

Experiência de sucesso

Publicado em 01 dezembro 2014

Por Cínthia Leone

Todo o conhecimento científico produzido pela Unesp e indexado nas bases Web of Science, Scopus e SciELO de 1976 a 2012 pode ser conhecido por meio do seu Repositório Institucional (http://repositorio.unesp.br), que comemorou um ano de atividade em 29 de outubro – o Dia Nacional do Livro. O material compõe um acervo com mais de 72 mil documentos, entre livros, teses, dissertações, artigos científicos, trabalhos apresentados em eventos e patentes. A data foi celebrada em um encontro que contou com palestras de pesquisadores das áreas de biblioteconomia e ciência da informação e representantes de bibliotecas de outras universidades.

A coordenação executiva do repositório foi conduzida pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB), sob a liderança de Flávia Maria Bastos e a coordenação acadêmica de Silvana Aparecida Vidotti, professora da Unesp em Marília e assessora da PróReitoria de Pós-Graduação. O Núcleo de Educação a Distância da Unesp (NEaD) viabilizou o armazenamento do repositório emprestando seus recursos computacionais.

Flávia destaca o método empregado no desenvolvimento do repositório. Em vez de incluir as informações manualmente na base, foi usado um moderno protocolo de busca por metadados, o Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting, mais conhecido pela sigla OAI-PMH ou apenas pelo termo “harvesting”. “Em parceria com o grupo de pesquisa coordenado pela professora Plácida Santos, do Câmpus de Marília, foi possível estabelecer um conjunto de metadados específicos para a Unesp, que é basicamente o que nos permite armazenar, preservar, divulgar e dar acesso público ao conhecimento científico que nós produzimos”, detalha.

A Unesp adotou o software livre DSpace, o mais utilizado no mundo para a criação de repositórios. A CGB também usa o Sherpa/RoMEO, um serviço eletrônico de consulta para identificar as políticas de licença de cada artigo (acesso aberto ou restrito a pagamento) e também condições de armazenamento de cada publicação, afinal, há periódicos que permitem armazenamento completo, outros apenas após período de embargo, e ainda há os que não o permitem. “É importante destacar que, no repositório, o pesquisador poderá ter acesso até mesmo a artigos de aceso restrito, por meio de um link”, ressalta Flávia. Ela explica que, a exemplo das maiores Universidades do mundo, a Unesp realiza a assinatura de periódico, permitindo ao pesquisador ter acesso inclusive remoto a partir da Virtual Private Network (VPN).

Evento

Para celebrar o primeiro ano do repositório, a Unesp organizou em São Paulo um evento com duas partes. A primeira, na sala do Conselho Universitário, na Reitoria, voltada para os diretores de unidade, na parte da manhã. A outra, à tarde, no Auditório da Biblioteca Mário de Andrade, em que pesquisadores e profissionais discutiram o desenvolvimento de repositórios institucionais.

Na abertura do evento, a vice-reitora Marilza Vieira Cunha Rudge destacou a importância dessa ferramenta de armazenamento de informações para o avanço da ciência. “No caso das universidades brasileiras que são financiadas com recursos públicos, é fundamental garantir a publicidade e o acesso a tudo o que foi gerado”, enfatiza.

Em uma videopalestra, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), enfatizou o caráter exemplar do desenvolvimento do repositório. “O Brasil com essa iniciativa apresenta um novo valor, uma nova forma de pensar a informação científica na comunidade científica”, disse.

O vice-reitor da Universidade do Minho, em Portugal, Rui Vieira de Castro, detalhou a experiência portuguesa sobre esse tema e destacou o trabalho da Unesp. “Essa iniciativa brasileira é significativa num momento em que o mundo discute um acesso aberto às novidades científicas para que elas cheguem mais rapidamente à sociedade, aos setores da educação e aos próprios pesquisadores.”

Palestras

Do encontro na parte da tarde participaram Milton Shintaku, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict); Abel Packer, da Scientific Electronic Library Online (SciELO); e Rosaly Favero Krzyzanowski, diretora da Biblioteca Virtual da Fapesp; além de Silvana Aparecida Vidotti, da Unesp.

Shintaku falou sobre a necessidade de parâmetros claros de indexação que facilitem o uso da webometria (indicadores de busca em base de dados, como palavras-chave dos estudos por exemplo). Ele destacou ainda a importância de ferramentas de busca como o Google acadêmico e falou dos rankings de repositórios. “Como em outros rankings de natureza científica, os repositórios são avaliados não só pelo volume cadastrado, mas também pelo fator de impacto das publicações e dos autores”, enfatizou.

Rosaly abordou a experiência na criação da Biblioteca Virtual da Fapesp, composta por informações das pesquisas apoiadas pela agência paulista. A dirigente também analisou a parceria a ser estabelecida a partir da integração dos repositórios de Unesp, USP e Unicamp, para que eles enviem informações referentes ao nome da agência de fomento e número de processo das pesquisas apoiadas pela Fapesp.

Após parabenizar a Unesp pelo avanço rápido de seu repositório, Packer destacou que a América Latina é a região do mundo que proporcionalmente mais comunica pesquisa científica de acesso aberto, com o Brasil na dianteira. “Na região, a cooperação científica internacional tem muita influência”, diz ele.

Silvana destacou a necessidade de os pesquisadores darem mais detalhes sobre as fontes e as formas de financiamento. “Em alguns estudos, o cientista apenas agradece à agência de fomento, mas é necessário dizer que tipo de recurso foi disponibilizado, se aquela publicação é fruto desse financiamento e de quais outros, por exemplo”, explica. Segundo a professora da Unesp, isso tem importância para a indexação das publicações e para o alcance de sua busca nas bases de dados.

A experiência da Unesp influenciou o modo de criação do repositório da Unicamp, que já conta com mais de 80 mil publicações. A Fapesp deverá exigir também que todo pesquisador de USP, Unesp e Unicamp que solicitar recursos da Fundação tenha sua produção indexada no repositório do Cruesp. Além da produção científica, o repositório da Unesp deve conter no futuro trabalhos artísticos e material administrativo e técnico. “Assim, estaremos preservando e difundindo de fato toda a produção intelectual da Unesp”, afirma Silvana.