Brasília - A segunda matéria da séria sobre Inovação destaca a história de sucesso de um empresário que teve uma boa idéia e foi em busca de apoio para viabilizá-la.
Ter uma idéia e transformá-la em negócio inovador é um desafio grande para empreendedores. Muitos se perguntam: o que fazer para alcançar a tão sonhada inovação? A trajetória do empresário de São Paulo Mervyn Lowe indica o caminho das pedras para alcançar o sucesso.
Ele começou a trabalhar no projeto de um negócio próprio no ano de 2003, após sair de uma grande empresa que havia falido. “Acabei encontrando o meu atual sócio que tinha um projeto de pesquisa fantástico para apoio educacional”, conta. A idéia era desenvolver softwares educativos e interativos de alta resolução gráfica com foco nas disciplinas de Biologia, Geografia e Química.
Em 2004, na primeira reunião com um cliente, eles conseguiram vender o projeto, antes mesmo de formar a empresa. Após a conclusão desse primeiro projeto, a empresa P3D Tecnologia da Imagem, já aberta, foi selecionada pelo Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) ligado à Universidade de São Paulo (USP). Após a seleção, eles tiveram o primeiro desafio: precisavam de capital para entrar na incubadora. “Ficamos sabendo que o projeto era interessante, mas precisava de muito dinheiro para colocá-lo em prática. O problema é que, em geral, quando a empresa é muito incipiente, os fundos não costumam apoiar”, explica. A saída foi levantar o capital com conhecidos que acreditaram no projeto, especialmente por conta dele já contar com o aval do Cietec.
Conquistas
A P3D ficou incubada durante três anos e meio, sendo graduada em 2007. “Valeu muito à pena, pois a incubadora dá todo o respaldo para a empresa estruturar o negócio. Geralmente falta ao empresário o conhecimento de administração e de gestão e isso pode ser adquirido em incubadoras”, destaca.
Porém, sair da incubadora é outro desafio para as empresas. Mervyn destaca que um dos pontos a considerar é que naquele ambiente alguns custos estavam incluídos na estrutura da instituição incubadora, como limpeza, segurança e espaço para reuniões. “Foi um choque quando sai e tive que gastar com essas coisas que são importantes para a empresa funcionar, mas não estão no foco de atuação dela. A incubadora prepara o empresário a andar com as próprias pernas, mas é preciso correr atrás para crescer como empresário”, conta.
Atualmente, a P3D emprega 20 pessoas e seus softwares estão presentes em 200 escolas no Brasil. Esse material educacional já tem tradução em oito idiomas atendendo a cerca de 20 países. Mervyn ressalta também que nessa caminhada a empresa contou com o respaldo de organismos de fomento como Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Contou também com o apoio do Sebrae em São Paulo e de consultorias e treinamento de professores da USP e técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Após tantas conquistas Mervyn dá o recado aos empresários. “Ter o apoio de uma incubadora é um excelente caminho, especialmente porque essas instituições dão respaldo ao projeto, o que facilita a obtenção de financiamento. Também é importante trocar experiências com outros empresários e sempre ver uma oportunidade em tudo o que aparecer”, diz.
Caminhos
Para os empresários que quiserem seguir o exemplo da P3D, é importante saber que existem diversas ferramentas de apoio à inovação. Para isso, o empresário precisa ter foco e buscar informações complementares de mercado e de gestão. Deve verificar se pode realizar o seu projeto sozinho ou se é necessário o apoio de técnicos e instituições parceiras. Precisa medir o risco da inovação e fazer todo o planejamento técnico-financeiro para saber quanto irá investir, quando irá lançar e o tempo de retorno dessa inovação.
O gerente de Inovação do Sebrae, Edson Fermann, destaca também que as micro e pequenas empresas devem optar, primeiramente, por inovações de baixo custo. “As inovações organizacionais e as de marketing, por exemplo, são as primeiras que devem ser buscadas por esse segmento uma vez que o risco e os custos são baixos e o tempo de retorno é quase imediato”, explica. “Dessa maneira, além de se manter competitiva a empresa poderá aumentar os recursos próprios para buscar e bancar uma inovação radical, fazendo algo totalmente novo, principalmente em produto e processo”, completa.
Outra dica para os empresários é buscar interação com fontes de conhecimento, como Sebrae, universidades, instituições de pesquisa, incubadoras e arranjos produtivos locais. Também é importante interagir com instituições de fomento e apoio à inovação como Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Desenvolvimento (Mdic), Finep, Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Movimento Brasil Competitivo e Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica.
Apoio do Sebrae
Para sensibilizar e mobilizar os empresários para a necessidade de inovar em seus negócios, o Sebrae está realizando em todo o País, nas capitais e nas cidades do interior, 300 workshops. A Instituição também distribui cartilhas sobre o assunto para empresários que participam de projetos do Sebrae. Neste mês de maio começou a ser veiculado programa de rádio com a temática da inovação. Com 120 episódios, é divulgado por 850 emissoras. Além disso, 5 mil empresários serão capacitados em cursos de gestão e estratégias de inovação. Em 2010 serão mais 10 mil empresários.
O Sebrae investe ainda no desenvolvimento do projeto Agentes Locais de Inovação. A idéia é levar soluções inovadoras para dentro das empresas por meio de agentes, que são pessoas com até três anos de formadas e capacitadas pelo Sebrae. O projeto está no Distrito Federal e em 17 estados do País (Paraná, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Tocantins e Pará).
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